22/10/2008
Sem crédito no exterior, produtores recorrem a bancos nacionais
O cenário de incertezas gerado pela crise internacional tem reduzido os financiamentos estrangeiros aos produtores brasileiros. Com isso, os agricultores intensificaram a corrida aos bancos nacionais, que têm recebido suplementos do governo federal como meio de atenuar os efeitos da crise. Em Mato Grosso do Sul, somente o Banco do Brasil já disponibilizou R$ 420 milhões para a safra de verão deste ano. O valor supera o total de recursos financiados no estado para essa safra em 2007.
De julho (início da safra de verão) a este mês, o Banco do Brasil emprestou aos produtores rurais valor 6% maior que o total financiado durante toda a safra de verão de 2007 (de julho a dezembro), que foi de R$ 396 milhões.
O aumento do valor resulta, em parte, de medidas do governo federal para evitar reflexos negativos da crise internacional na economia do país. No início de outubro, o Governo liberou R$ 5 bilhões para financiamento na agricultura. Nesta terça-feira (14), o CMN (Conselho Monetário Nacional), em reunião extraordinária, ampliou a oferta de recurso para a rede bancária em mais R$ 5,5 bilhões. Esse valor se origina do aumento da exigibilidade dos depósitos à vista de 25% para 30% para aplicação na agricultura durante o período de 1º de novembro de 2008 a 30 de junho de 2009.
O gerente regional de agronegócio do Banco do Brasil, Loureno Budke, explica que existem três fontes de recursos ao produtor rural. Além do auto-financiamento (recursos próprios) e de empréstimos bancários, a terceira fonte diz respeito às empresas multinacionais, que comercializam insumos.
Uma das alternativas dos produtores é recorrer às multinacionais para financiar insumos agrícolas. A garantia que eles oferecem são seus produtos. No entanto, com a crise financeira internacional, as commodities agrícolas estão desvalorizadas. Além disso, os custos dos insumos, com preços atrelados ao dólar, estão elevados. Os produtos do campo já não têm, assim, a mesma força para garantir pagamentos de empréstimos.
Esse quadro provoca a menor disposição das empresas estrangeiras de insumos para financiar os produtores. Conforme analistas de mercado, essas empresas têm elevado as taxas de juros e limitado os empréstimos a produtores de ponta, com maior capacidade de recursos para arcar com suas dívidas.
Com a fonte estrangeira se secando, os produtores, sem recursos próprios suficientes, reduziram a alternativa de financiamento aos bancos. Esse fator, aliado aos recursos suplementares possíveis pelas medidas governamentais, explica o aumento dos valores emprestados aos produtores pela rede bancária.
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