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Nota da Hora
22/09/2010 - 08:57
O PARQUE DA BARBÁRIE

O Midiamax, ao longo de sua história e, principalmente, após a aprovação da Lei da Transparência, tem colocado em pauta a gestão do recurso público nas diversas instâncias dos poderes.

Muitas das vezes sofrendo tentativas intimidatórias e constantes medidas judiciais. Mesmo assim, jamais nos desviamos da postura crítica que dever nortear o papel da imprensa em relação aos governos.

As confissões do deputado Ary Rigo, extraídas do Youtube e divulgadas em primeira mão no estado pelo Midiamax, sobre a engenharia mafiosa de sustentação e alimentação do poder em Mato Grosso do Sul, a partir dos interesses do governador André Puccinelli, causam, sem dúvida, perplexidade e indignação na opinião pública.

A reação da sociedade ao escândalo de propinas no Parque dos Poderes será proporcional à gravidade das falcatruas denunciadas. O povo deve ir às ruas, pois o sentimento já é de total desconfiança nas instituições sul-mato-grossenses.

Mas, assim, não podemos seguir adiante. Tal como o povo de Brasília e, mais recentemente, do Amapá, a população de Mato Grosso do Sul exige respeito.

E agora? O que esperar? A quem recorrer?

E o processo eleitoral? Quem pode acreditar que Mato Grosso do Sul terá eleições limpas, sem compra de voto, sem utilização da máquina pública? Quem vai periciar as urnas eletrônicas?

Onde ficam os princípios democráticos e os direitos de brasileiros que se dispuseram a entrar nesta disputa, sonhando em servir ao seu Estado e ao seu País? Vão concorrer em desigualdade contra os "poderosos"?

Não! Não!

O estado foi criado para gerir a sociedade, para que ela deixasse de ser conduzida pelos interesses do homem. Séculos depois resistem aqueles que se julgam os donos do poder. Buscam o poder pelo poder. A qualquer preço. Para eles, os fins justificam os meios!

Exemplos recentes são a resistência do deputado Jerson Domingos, presidente da Assembleia Legislativa, em divulgar os vencimentos dos parlamentares. Agora, diante das confissões do primeiro-secretário do parlamento estadual, descobrimos qual era o medo!

A Assembleia também negou pedido do Superior Tribunal de Justiça para investigar o governador em processo do MPF por acusação de "enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro". Estão ai as explicações.

A mesma resistência teve o governador André Puccinelli ao manter em segredo a lista dos beneficiários do programa Vale Renda.

O prefeito Ari Artuzi dizia nos bastidores que não tinha alternativa senão aceitar as regras. Tinha medo de ser preso. E, pelo visto, não teria sido, não fosse o trabalho investigativo da Polícia Federal, sintonizada com a nova postura do povo brasileiro.

A população não atura mais a safadeza que mantém privilégios de poucos com dinheiro público arrecadado à base do suor dos muitos que trabalham de verdade!

Nesta hora, haverá os bons. O corporativismo pode ser gasolina na fogueira. Nesse contexto, para o bem das instituições, que venham a público os integrantes destas esferas de poder que não comungavam da bandalheira instalada e acreditam que o Estado não pode se subjugar aos interesses de quem quer que seja.

Que o pontapé da limpeza da imoralidade instalada em Mato Grosso do Sul seja um trabalho conjunto. Recorramos às forças e instituições federais urgentemente, sob o risco de descontrole social diante da revolta que toma conta da população.

Dourados é o exemplo. Os douradenses se rebelaram. Não aceitam ingerência na prefeitura e exigem eleições livres. Sem isso, a paz política não será reinstalada.

Diante desse momento trágico e histórico, é pífia a nota oficial do governador tentando reduzir a dimensão do escândalo de propinas no Parque dos Poderes a suposto "momento de descontração" de um deputado estadual com tantos anos de atuação política como Ary Rigo.

Apuração, investigação e punição. Afinal, somos todos iguais perante a lei.

Midiamax

 
   
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