Um clube da Paraíba decidiu subverter o conceito de não misturar homens e mulheres dentro de um campo de futebol. Entusiasmado com a técnica promissora de Carol Rodrigues, o Botafogo resolveu inovar ao escalar a jovem goleira para treinar junto com o time masculino, encarando os chutões dos atacantes profissionais. Tudo com a finalidade de preparar a atleta para o Campeonato Estadual feminino.
Considerada um pequeno fenômeno do futsal, modalidade na qual defendeu a seleção paraibana, a goleira de 18 anos foi contratada como aposta para o futebol de campo do Botafogo, atual bicampeão estadual. Diretor do time feminino, Oddo Vilar viu em Carol a esperança de turbinar as chances da equipe para a disputa da Copa do Brasil de 2013.
"Ela tem uma boa estatura. Embora tendo vindo salão, tem um bom conhecimento do campo. Acho que a goleira para o time feminino é importantíssimo. Ela está enfrentando uma preparação digna de um goleiro profissional. Está sendo bom, os meninos da idade dela estão respeitando, não tem problema. Tem a mesma carga de treino, não está sentindo. Ela tem uma boa condição física, e a torcida está apoiando", comentou o dirigente.
Com 1,74 m e bagagem no futsal e no futebol de areia, Carol Rodrigues diz estar gostando da experiência nos campos, marcada pelo convívio com os homens. "Está sendo uma grande oportunidade, para eu aprender com eles, e eles comigo. O treinamento é bastante diferente, muito forte. É muito puxado, tem que ter coragem, força vontade e determinação", declarou a jovem jogadora.
Segundo Carol, a convivência com homens tem sido respeitosa, sem gracinhas com a única mulher de um ambiente tradicionalmente masculino e bruto.
"Eles me respeitam, me ajudam bastante com pitacos. E eu aceito", diz. "As meninas [do time feminino] perguntam como tenho coragem, acham incrível. Tem sido bom para crescer, é uma barreira", acrescenta.
A goleira de 18 anos diz que a experiência tem sido importante principalmente para desenvolvimento de reflexos em chutes de definição, dentro e fora da área. Carol afirma que sua maior dificuldade na migração aos campos é o fundamento da reposição de bola com os pés.
Além do futebol, a jovem de 18 anos se dedica atualmente ao curso de administração na Faculdade Maurício de Nassau, em João Pessoa. |