Em plena segunda-feira, 56 mil torcedores enfrentaram filas, atraso e sol na cabeça para ver ontem a primeira aparição de Neymar com a camisa do Barcelona.
O brasileiro ganhou recepção de ídolo no gramado do Camp Nou e retribuiu com 14 minutos de show: embaixadinhas, volta olímpica e juras de amor à nova equipe em frases decoradas em catalão. Em sua primeira fala, ele adotou tom de humildade e disse que chega ao clube para ajudar o argentino Lionel Messi a continuar a ser o melhor jogador do mundo.
Neymar foi apresentado como a segunda contratação mais cara da história do clube. Segundo os campeões espanhóis, foram pagos 57 milhões de euros (R$ 158 milhões) para tirá-lo do Santos.
O salário do craque será de 7 milhões de euros anuais (cerca de R$ 19 milhões) --seu contrato é por cinco anos.
Interessados em tirar o jogador do Barcelona antes do fim do contrato terão de pagar multa de 190 milhões de euros (R$ 530 milhões). A multa de Messi, que também tem contrato até 2018, é de aproximadamente 250 milhões de euros (quase R$ 700 milhões.)
A divisão do dinheiro entre o atacante, o clube paulista e os dois fundos de investimento que detinham parte de seus direitos federativos não foi revelada.
Apesar do sigilo sobre a partilha, o vice-presidente do Barcelona, Josep Maria Bartolomeu, confirmou que o jogador recebeu 10 milhões de euros em adiantamento em novembro de 2011.
Advogados consultados pela Folha afirmam que, se o Santos participou do acordo, não há irregularidade no pagamento adiantado. O clube não se pronunciou.
Mesmo assim, Bartolomeu disse que a negociação só foi concluída em maio e afirmou que o assédio do Real Madrid elevou o valor da transação.
No Barcelona, os valores só perdem para a compra de Ibrahimovic, em 2009, por cerca de 70 milhões de euros. O sueco também é recordista de público inicial, com 60 mil pessoas no Camp Nou.
Neymar ganhou a torcida com uma saudação inicial no idioma da província: "Bona tarda a tothom", disse.
As declarações foram recebidas como um gol pela torcida de azul e grená, que desde cedo fazia provocações ao Real pela derrota na disputa pelo brasileiro.
Um cartaz na arquibancada ironizava o presidente do clube madrilenho, Florentino Pérez, com a mensagem "Florentino, em Madrid não tem mar nem Neymar".
A operação para apresentar Neymar incluiu permissão especial da CBF, que o liberou da seleção por 24 horas depois do amistoso no Maracanã contra a Inglaterra, e voo de jatinho fretado, que atrasou em quase três horas.
Sua volta, que estava programada para ontem, foi adiada para hoje, com anuência da CBF.
Em Barcelona, ele seguiu à risca o roteiro de exames médicos, sessões de fotos, assinatura de contrato e entrevista coletiva em quatro idiomas: castelhano, catalão, português e inglês. |