Assim como a transferência do atacante Neymar, do Santos, para o Barcelona, da Espanha, a demissão do técnico Muricy Ramalho tem gerado polêmica nos bastidores da Vila Belmiro. Isso porque o treinador ficou extremamente irritado ao ser demitido por telefone e, por isso, promete endurecer em relação à intenção do clube em amortizar o valor da multa rescisória prevista em contrato.
O UOL Esporte apurou que Muricy já mandou um recado para o Comitê Gestor do Santos, avisando que não abrirá mão de receber o valor integral da multa, estipulada em R$ 4 milhões. Em conversa com o empresário do treinador, Marcio Rivelino, a cúpula santista ofereceu R$ 2 milhões, montante que seria pago até o final do ano. O ex-técnico do clube respondeu dizendo que o máximo que pode suavizar é aceitar R$ 4 milhões em duas parcelas. Segundo assessoria de imprensa do Santos, antes da demissão por telefone, a diretoria convidou Muricy para uma conversa no clube, mas o treinador não pôde aceitar o convite e preferiu enviar seu agente à Vila Belmiro. Em relação ao pagamento da multa rescisória, o clube alega que não comenta detalhes contratuais devido a uma cláusula de confidencialidade.
“Conversei por telefone, convidei, ele estava com uns compromissos e combinamos que ele vinha aqui para fazer a conversa pessoalmente”, disse o vice-presidente do Santos, Odílio Rodrigues, que não teme o alto valor da multa.
"A multa existe e tomamos essa decisão conscientes do valor dela. Não é nada que não possamos pagar, é administrável. Estamos conversando para acertar isso", completou.
Muricy e a diretoria do Santos não se entendiam há muito tempo. O Comitê Gestor, por exemplo, sempre optou por um discurso público fugindo de polêmicas. O treinador, por sua vez, usava as entrevistas para cobrar reforços e ainda chegou a desdenhar da diretoria ao dizer que não temia possíveis ameaças de demissão por ter “bom mercado no futebol”.
“Quando eu comecei a minha carreira me preocupava, hoje não dá mais para me preocupar. Pressão tinha no início da carreira, agora, graças a Deus, tenho bom mercado”, disse em determinada ocasião.
Além de pressionados por conselheiros e torcedores, os próprios dirigentes santistas entediam que o treinador estava acomodado no clube. O rótulo “aqui é trabalho” adquirido pelo técnico durante sua carreira virou até motivo de piada entre a cúpula alvinegra.
As informações sobre ausência de treinos táticos e excesso de “rachões” incomodavam a diretoria. Os jogadores também reclamavam nos bastidores e questionavam a metodologia de trabalho do comandante. Treinos de posicionamento sem a bola viraram motivos de chacota entre os atletas. |