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Política
01/07/2013 - 12:20
Para beneficiar empresa, hospitais públicos recusaram aparelho, diz PF
Foto: atiane Queiroz
Do G1 MS

Trechos de escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça e que fazem parte das investigações da Operação Sangue Frio, da Polícia Federal, revelam como diretores de hospitais públicos e a Secretaria Estadual de Saúde lidaram com a proposta do Ministério da Saúde de ceder equipamentos doados para o setor de radioterapia. As escutas foram feitas entre agosto e setembro de 2012, e também em maio deste ano. Denúncias de sucateamento do setor de oncologia no Hospital Universitário (HU) de Campo Grande originaram as investigações da Polícia Federal.

 A operação revelou que o esquema beneficiava diretamente a rede particular de oncologia na capital.

Este ano, durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, na Assembleia Legislativa, a secretária de saúde do estado, Beatriz Dobashi, afirmou que o Hospital Regional (HR), administrado pelo estado, será contemplado com um dos quatro aceleradores lineares destinados a hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em agosto do ano passado, a direção do HR estava pra assinar o termo de compromisso com o ministério. A secretária Dobashi conversou com o diretor do HR, Ronaldo Perches Queiroz, um dos investigados pela Polícia Federal.

Beatriz: Vocês vão assinar dizendo que se compromete a tocar o serviço. Eles vão licitar uma empresa pra avaliar. Depois que avaliar, eles vão liberar o dinheiro da obra.
Ronaldo: Certo.
Beatriz: Depois eles vão liberar o dinheiro do equipamento.
Ronaldo: Entendi.
Beatriz: Então, acho que demora, né. Eu espero que demore.
Ronaldo: (Risos) Entendi. Então está bom.
Beatriz: Aí você assina, se for o caso a gente “desassina”
(risos)
Atualmente, apenas o Hospital de Câncer, em Campo Grande, conta com o acelerador linear para fazer o tratamento de radioterapia nos pacientes do SUS. No Hospital Universitário (HU), a tecnologia disponível é a bomba de cobalto, mas o setor voltou a ser desativado no mês passado. Em 2012, o Ministério da Saúde quis saber quais hospitais, em todo o país, tinham interesse em receber o novo aparelho.
À CPI da Saúde, a secretária Beatriz afirmou que o HU recusou o aparelho justificando que o setor de oncologia já funcionava no Hospital Regional. No caso da Santa Casa, a instituição também recusou o aparelho, informando que já tinha contratado uma empresa terceirizada, a Neorad.
A firma pertence ao médico Adalberto Siufi, alvo de investigação na Operação Sangue Frio. Segundo as investigações da Polícia Federal, a secretária Beatriz Dobashi participou dessa decisão dias antes da reunião entre o Inca e os diretores dos hospitais. Em uma gravação feita em agosto do ano passado, ela cita o então diretor da junta administrativa da Santa Casa, Antônio Lastória.
Beatriz: Eu vou fazer um papelzinho, o Lastória vai levar. Ele vai também.
Ronaldo: Quem que vai? Isso que eu queria saber. Quem vai?
Beatriz: Vai o Dorsa, vai o Lastória, vai o Eliézer, não sei se o Eliézer ou Maurício do Evangélico.
Ronaldo: Certo.
Beatriz: E só.
Beatriz: O Lastória vai levar um papelzinho dos nossos argumentos, tá?
Ronaldo: Tá combinado.
No mesmo dia, o diretor do Hospital Regional, Ronaldo Queiroz, liga para o ex-diretor do HU, José Carlos Dorsa, para explicar o que ficou combinado para a reunião com representantes do Inca.
Ronaldo: Preste muita atenção. Falei de manhã, cedinho, com a doutora Beatriz.
Dorsa: Sim.
Ronaldo: Falou: “vamos combinar de conversar amanhã pelas diretrizes porque a reunião no Inca é deliberativa". Quando eles ofereceram as máquinas de radioterapia, ela pediu, a Bia: Dourados, Corumbá, HU para substituir essa velha, barra Regional, e o Câncer.
Dorsa: Hum.
Ronaldo: O ministério não aceitou esse ofício, agora, de última hora, falou: “Não! Nós [ministério] não vamos dar para o Adalberto Siufi. Não vamos dar para o [Hospital de] Câncer". E publicou os três hospitais de interesse: Santa Casa, HU e Regional.
Dorsa: Alas!
Ronaldo Queiroz também explica que houve mudanças.
Ronaldo: Agora, já, última versão: a Santa Casa, o Lastória não vai mais. Eu vou levar um ofício onde a Santa Casa está terceirizada, abre mão, muito obrigado e não quer.
Dorsa: Certo.
Ronaldo: O Dorsa não vai!
Dorsa: Certo.
Ronaldo: E, inclusive, o ministério vai exigir que você volte com a oncologia para lá. Então a Bia falou: “vamos assumir, dizer que nós queremos no Regional, é o projeto pra 2015. Que ainda vai demorar muito. E o HU abre mão também, fala "não quero"!
Dorsa: Abre mão! É isso mesmo!
Ronaldo: Então, eu vou levar a carta da Santa Casa e vou levar a sua então. Entendeu como é que é o negócio? Se não você tava no pacote também.
Dorsa: É melhor não ter esse troço, né?
Ronaldo: Não. Deixa como você tá. Já tem esse aí, tá bom.
Um dos relatórios da polícia destaca a total dependência da Neorad em relação ao dinheiro do SUS, situação que para os investigadores reforça a denúncia sobre a desativação da radioterapia do HU.
O ex-diretor José Carlos Dorsa não quis gravar nova entrevista. Em maio, após depor na CPI da Saúde, ele falou com a reportagem. "O setor de radioterapia foi um interesse em voltar a funcionar, tanto é que fizemos convênio com o estado para aquisição de material, reformas e tudo mais. Eu fui a pessoa que mais desenvolveu trabalhos para que esse setor de radioterapia voltasse a funcionar", disse.
O diretor do Hospital Regional, Ronaldo Perches Queiroz, falou com a reportagem sobre a reunião com o Inca. "Eu representei o estado, levei a adesão do Regional desde o início. Sempre quisemos evoluir com a radioterapia no Hospital Regional para completar a sua linha. Levamos o documento da Santa Casa, que abria mão, uma vez que tinha um convênio na época, fomos portadores. E posteriormente o HU também declinou essa oferta pela alegação de que não tinha profissionais", afirmou.
Ainda no ano passado, Ronaldo Queiroz relatou a Beatriz Dobashi o resultado da reunião com o Inca. Durante a conversa, foi citada a reação da representante do instituto diante da proposta apresentada.
Beatriz: Eu estou esperando a sua posição porque o Adalberto me ligou e perguntou se vale a pena mexer o doce.
Ronaldo: Foi assim. Deu pra pegar do jeitinho que você sugeriu. Chamei ela (Inez Gadelha) num cantinho, falei: "olha, tá aqui esse histórico, foi assim e assim. O resumo da ópera: está aqui o que a Bia colocou na situação de Campo Grande. Diante disso, o que a Bia perguntou, não seria mais inteligente fazer, possível contemplar o [Hospital de] Câncer?
Beatriz: Aham.
Ronaldo: A reação dela foi a pior possível: “de jeito nenhum, onde é que já se viu? Conheço esse cara faz muito tempo. Para lá não vai sair”. Ela não se mostrou nem um pouco acessível no sentido de liberar uma máquina para o Câncer. Eu falei exatamente o que você me pediu. Mas a reação não foi boa. E o problema do nosso amigo do Câncer passa a ser político.
Em seguida, Beatriz Dobashi telefona para Adalberto Siufi e recomenda que ele procure alguém dentro do Ministério da Saúde para tentar receber um acelerador linear.
Beatriz: O que ficou combinado lá, dito pelo Inca, foi que vem equipamento para Corumbá, para Dourados e para o Regional. Realmente a Inez Gadelha falou que não está previsto no Hospital do Câncer. Se você quiser falar com seu amigo, acho que não tem nenhum problema. Ele pode te falar qual foi o motivo e ver se tem jeito de retroceder, né.
Adalberto: Posso dizer que eu tenho o teu aval pra isso?
Beatriz: Não tem problema. Isso, inclusive o Ronaldo levou por escrito um resumo que eu fiz.
No início de maio deste ano, quando as primeiras denúncias da Operação Sangue Frio foram ao ar e o Ministério da Saúde criou uma força-tarefa para apurar o atendimento aos pacientes do câncer, a secretária foi questionada pela CPI da Saúde sobre a situação. Ela alegou que a gestão da oncologia é municipal. Um mês depois, ela reafirmou que não tinha conhecimento dos problemas envolvendo o Hospital de Câncer, nem mesmo quando era secretária municipal de saúde em Campo Grande, cargo que deixou em 2004. "Durante o tempo da prefeitura não havia nenhum indício desses problemas que estão sendo apresentados agora", alegou perante a comissão.
Relatório técnico produzido pelo Inca após duas vistorias ao atendimento oncológico em Campo Grande, e enviado para a secretaria municipal de saúde em 2001, aponta que "não há liderança técnica nem pessoal, não há compromisso, não há iniciativa de ninguém para fazer ou mudar nada" no setor. Técnicos do instituto ainda relataram que a oncologia em Campo Grande “é controlada pelos prestadores, ou seja, eles regulam e selecionam os pacientes que querem atender e em qual serviço atender”.
À época, apenas o HU e o Hospital de Câncer ofereciam o tratamento de radioterapia na cidade. Atualmente, 12 anos depois, o HU está com o serviço suspenso e todos os pacientes que precisam desse tratamento pelo SUS em campo grande são encaminhados ou para o Hospital de Câncer ou para a clínica Neorad.
Durante o período das escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça, a secretária Beatriz Dobashi não era alvo da Operação Sangue Frio, mas teve as conversas gravadas ao ligar ou receber telefonemas dos investigados.
O Ministério da Saúde confirmou que Mato Grosso do Sul irá receber três aceleradores lineares, dentro do plano de expansão da radioterapia no país. Vão ser contemplados, além do Hospital Regional, o Hospital Evangélico de Dourados e o Hospital Universitário de Campo Grande, que voltou atrás na decisão de recusar o equipamento, depois que o Ministério Público Federal levou o caso à Justiça e houve a determinação para que o HU aceitasse os recursos.
A atual direção da Santa Casa de Campo Grande, que reassumiu o hospital há pouco mais de um mês, após oito anos de intervenção do poder público, informou que está trabalhando para reverter a decisão da junta interventora. O presidente da Associação Beneficente, Wilson Teslenco, disse que pretende assinar a adesão ao plano do Inca para receber os recursos e o acelerador linear. Atualmente, o serviço de radioterapia da Santa Casa está terceirizado para a Neorad.

    
› Comentários
Katia Luz em 02/07/2013 08:39
Cambada de gente sem qualidade, quantas pessoas deve ter morrido por falta desse aparelho. Absurdo, não tem como expressar o meu sentimento de raiva e revolta. Acho que te que aprofundar essa investigação, pois com certeza vai encontrar varias outras pessoas envolvidas. CADEIA NESSES BANDIDOS.
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