Obesidade e diabetes tipo 2 são duas doenças que geralmente andam lado a lado. Na medida em que as pessoas ganham peso, o risco de desenvolvimento do diabetes tipo 2 aumenta. Poder controlar os níveis de açúcar no sangue e ainda promover perda de peso: esses são os efeitos de uma nova medicação experimental para o diabetes, divulgados na revista Science Translational Medicine, na edição de 30 de outubro. O mecanismo de ação da nova medicação une os efeitos de dois hormônios: o GLP-1 e o GIP. Estes dois hormônios, chamados hormônios incretínicos, são liberados naturalmente no intestino quando nos alimentamos, e agem no pâncreas estimulando a secreção de insulina, que irá reduzir os níveis de glicose no sangue. Já existem no mercado medicações injetáveis para o diabetes tipo 2 com o efeito do hormônio GLP-1, e que apesar de levarem à perda de peso, tem efeitos colaterais como náuseas ou vômitos. No entanto, não existem medicamentos comercialmente disponíveis que tenham os efeitos do GIP, e através dos estudos científicos sabe-se que esse hormônio controla os níveis de açúcar, mas não leva ao ganho de peso.
A vantagem da nova medicação, chamada de co-agonista duo incretínico unimolecular (unimolecular dual incretin co-agonist, em inglês) é estimular a produção de insulina e reduzir a produção do glucagon, que é um hormônio que aumenta a glicose. Outro efeito também é o de deixar mais lento o esvaziamento do estômago após a refeição, prolongando a sensação de saciedade e, portanto, reduzindo a fome. Por ter ação do hormônio GIP, o novo remédio melhora a sensação de náuseas. Os resultados ainda indicam alto potencial de reversão da síndrome metabólica, que é quando o diabético apresenta obesidade, altos níveis de colesterol ou triglicérides e pressão alta associados.
Os resultados sobre a perda de peso em ratos cobaias que fizeram uso do novo remédio são promissores. Foi feita a comparação entre os dois medicamentos: o primeiro com ação de GLP-1 apenas e o segundo, o remédio novo com dupla ação. Nos ratos que receberam apenas aquele com ação de GLP-1 houve perda de 15,4% do peso corporal, prevenção do acúmulo de gordura e redução de ingestão de alimentos. Já naqueles que receberam o novo medicamento houve redução de 20,8% do peso corporal, maior do que o efeito do GLP-1 sozinho.
Certamente, a divulgação de resultados tão promissores é uma excelente notícia. O diabetes é uma doença com um grande potencial de causar complicações como cegueira, insuficiência renal, infarto do miocárdio e amputações. O estudo de novos medicamentos é fundamental para ampliar os horizontes de tratamento, e tudo o que precisamos (e queremos) ouvir são boas notícias! |