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Agronégocio
19/02/2014 - 06:45
A Odebrecht vai perder tudo o que investiu em etanol?
Foto: Divulgação
Exame
Usina da Odebrecht Agroindustrial: 50% da capacidade
Usina da Odebrecht Agroindustrial: 50% da capacidade

São Paulo - Ninguém está fazendo tantos negócios no Brasil de hoje quanto o conglomerado baiano Odebrecht. O fôlego do grupo tem sido impressionante. Somente nos últimos três meses, arrematou três concessões com investimentos previstos de quase 24 bilhões de reais em aeroporto, rodovia e sistema de transporte urbano.

Hoje, a Odebrecht tem 14 empresas e fatura cerca de 100 bilhões de reais por ano. Tudo parece muito bem, mas, por trás dessa voracidade toda, se esconde um problemão — a investida do grupo no setor de etanol. Criada em 2007 com o nome ETH Bioenergia, a Odebrecht Agroindustrial já consumiu cerca de 10 bilhões de reais na construção e na expansão de usinas de etanol pelo país.

O plano era assumir a liderança de um mercado promissor e abrir o capital em 2012. Para isso, comprou em 2010 a quebrada Brenco, usina modernosa criada por gente como o magnata das comunicações Steve Case, o investidor indiano Vinod Khosla e o empresário brasileiro Ricardo Semler. Passados sete anos, porém, a empresa se transformou numa gangrena que pode repercutir no conglomerado inteiro. 

Tudo deu errado com a Odebrecht Agroindustrial. A empresa sofre dos males que afligem todo o setor de etanol (o maior deles é a concorrência desleal com o preço da gasolina, mantido artificialmente baixo pelo governo). Mas sofre também por ter muita dívida. Na última safra, a empresa teve um prejuízo de 1,2 bilhão de reais, o maior de sua história.

Nas últimas três safras, a dívida da companhia dobrou de tamanho, para 10 bilhões de reais, o que representa 22 vezes sua geração de caixa. A média do setor é três vezes, segundo o banco Itaú BBA. Suas usinas operam atualmente com apenas 50% da capacidade.

O resultado de 2013 acendeu a luz vermelha na Odebrecht. As despesas com pagamento dejuros cresceram. Mesmo respondendo por apenas 2,5% da receita do grupo, a empresa é responsável por 16% do endividamento total da Odebrecht. Embora ninguém fale abertamente sobre o assunto, uma crise de insolvência no braço de etanol poderia colocar em risco a reputação de todo o grupo.

“Essa área é minha maior preo­cupação”, diz Marcelo Odebrecht, presidente do conglomerado, cuja dívida total dobrou de 2011 a 2012, atingindo 62 bilhões de reais (o número de 2013 ainda não foi divulgado). 

Discretamente, a Odebrecht começou a colocar em operação um plano para resolver o problema de forma radical. Ameaça cortar, se o setor não melhorar, os 3 bilhões de reais em investimentos previstos para os próximos três anos.

    
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