Apesar dos avanços com a Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher cresce, principalmente, diante de leis frouxas e da justiça lenta. O problema, na opinião de especialistas, agrava-se por conta da cultura machista. O caminho, segundo, eles é organizar ações conjuntas e mobilizar a própria mulher para passar a educar com mais consciência os filhos.
“As leis são frouxas, liberam o infrator muito rápido e dão a sensação de impunidade”, avaliou Lilian Silvestrine, uma das idealizadoras da Associação Mães da Fronteira, que, neste sábado (8), Dia Internacional da Mulher, foi às ruas de Campo Grande levar mensagem de paz.
Para ela, quem mata uma mulher “no mínimo precisa perder a liberdade” e trabalhar na cadeia. “O infrator não pode ficar à toa na prisão, de férias, precisa trabalhar para sustentar a família”, defendeu. “O ócio revolta e incentiva a produção de formas de vingança”, acrescentou.
Coordenadora do Comitê Estadual de Defesa da Lei Maria da Penha e integrante da Marcha Mundial das Mulheres, Marlene Ricardi, atribui o aumento de casos de violência à cultura machista da sociedade e a ação lenta da Justiça. “As medidas protetivas demoram a sair e, com ódio e machismo no coração, a barbárie é cometida”, analisou.
Autora de projetos para combater a violência contra a mulher, a vereadora Rose Modesto (PSDB) avalia que a ala feminina também precisa fazer a sua parte. “Em casa, na educação dos filhos; na escola, como professoras, enfim, em todos os lugares a mulher precisa passar uma mensagem contra abusos. Só unidas podemos vencer essa parada”, defendeu.
Ao mesmo tempo, ela ressaltou a necessidade de ações conjuntas, envolvendo o poder público e a sociedade para combater a violência. “Primeiro, temos que ter uma delegacia 24 horas, até mesmo porque a maioria dos crimes ocorre nos finais de semana e à noite”, ponderou.
“Também temos que agir, levando conscientização dentro de casa, das escolas e das igrejas”, emendou. Para a vereadora, um dos desafios é diminuir a influência de drogas e de álcool. “Daí entra o papel da família, das escolas e da igreja”, reforçou.
Outro avanço, na opinião de Rose, é aprovar a lei de sua autoria para instituir o “botão do pânico”. O instrumento consiste em um dispositivo, com GPS, áudio e vídeo, para a mulher, com medida protetiva, acionar em caso de aproximação do agressor. “Em Vitória, as mortes diminuíram em 40% após a implantação do programa”, destacou.