R7 É que subiu até a mais alta instância da Justiça brasileira uma ação que se arrasta, com sentenças, agravos e apelações, desde 2004. Há dez anos um juiz de Direito de São Gonçalo, RJ, briga com o condomínio em que mora e com a respectiva síndica pelo direito de ser tratado de doutor – mesmo numa situação que nada tenha a ver com a sua pomposa titularidade. Dr. Marreiros – vamos cumprir aqui sua chorosa reivindicação – entrou em confronto verbal com um funcionário do prédio a propósito de um vazamento no apartamento de Sua Majestade, perdão, do Meritíssimo. Isso aí: um vazamento. O funcionário se recusou a fazer o serviço porque não tinha ordens da síndica de entrar em aposentos privados. No bate-boca, o serviçal teria faltado o devido respeito a Sua Reverendíssima, quer dizer, ao juíz. Recusou-se a tratá-lo de senhor. Uma década passeou a relevante causa pelos andares da Justiça, com direito aquelas decisões que nitidamente atestam o blindado esprit de corps dos magistrados brasucas. Um deles chegou a falar – pela ausência do "doutor" – em desacato. Dá para adivinhar, aqui à distância, quem desacatou quem. O juiz ferrabrás insistiu no ridículo. Acabou vendo o ministro Lewandowski, numa rápida canetada, encerrar de vez esse besteirol. A milésima variação do velho e arrogante refrão dos empombadinhos: sabe com quem está falando? |