Apesar de se manter em cargos públicos de altos salários há pelo menos 15 anos, o deputado estadual e agora deputado federal eleito Carlos Marun (PMDB) é suspeito de 'esconder patrimônio' em uma ação judicial de cobrança que corre há quase 20 anos. Somente na segunda prestação parcial de contas de campanha deste ano, o político declarou R$ 793,4 mil de gastos. O processo na Justiça pede a declaração de insolvência civil do parlamentar que oficialmente garante não ter bens suficientes para o montante da cobrança. Ele, por sua vez, diz já ter pago o valor principal e reclama de possível tentativa do credor em transformar a conta em fato político. Vale lembrar que a denúncia chegou ao Jornal Midiamaxdurante o período eleitoral, mas, ante a alegação do deputado de que teria 'cunho eleitoral', é publicada após o fim do pleito em que ele se elegeu deputado federal. A dívida, conforme dados de processo judicial aos quais a equipe de reportagem teve acesso, remonta a 1996, quando Marun e Wilson Vergo Cardoso foram avalistas de negociação, no valor de R$ 30 mil, feita entre o credor, Sérgio Augusto Fernandes, e uma empreiteira: Marca Engenharia. Dois anos mais tarde, o caso foi parar na Justiça. Marun garante que, em 2002, teria feito um acordo e quitado o valor principal da dívida, de R$ 30 mil. O credor, por sua vez, insiste no recebimento dos juros e, considerando as correções no período, coloca a dívida na casa dos R$ 440 mil. O processo ficou arquivado por alguns anos. E, sem conseguir executar a dívida, Fernandes tenta que Marun e Cardoso sejam declarados insolventes – em outras palavras, significa dizer que, oficialmente, eles não têm bens suficientes para pagar dívidas assumidas, limitando acesso a crédito, por exemplo. Sugere, até, que alguém sem condições de pagar suas próprias dívidas não poderia gerir um órgão público – Marun, além de ser deputado, já foi presidente da Emha (Empresa Municipal de Habitação) e secretário estadual da área, sempre em gestões de André Puccinelli. O pedido de insolvência baseia-se no fato de que, ao longo dos anos, o credor não conseguiu localizar bens passíveis de penhora para a quitação da dívida. Marun afirma que vai acionar o autor da ação na Justiça, por ver “meio criminoso” do autor em tentar receber. Na visão de Fernandes, o fato se limita a Marun se negar a pagar a dívida. Sem bens Apesar de ocupar cargos de alto escalão no poder público pelo menos nos últimos 15 anos, nas administrações de André Puccinelli, e acumular mandatos como vereador de Campo Grande e deputado estadual, Marun – eleito deputado federal nas eleições deste ano como o segundo mais votado – não possui no nome dele bens suficientes para pagar a conta. Na declaração oficial que apresentou à Justiça Eleitoral neste ano, o deputado federal eleito Carlos Marun garante que tudo o que possui de patrimônio é um automóvel Citroën Picasso, de R$ 26 mil, uma poupança de R$ 36.047,76, em nome de um dependente menor de idade, e investimentos de R$ 32.220,57. O patrimônio atual, de R$ 94.268,33, é menos do que a metade do que Marun declarou oficialmente ter nas eleições de 2010. Na época, quando foi eleito deputado estadual, o político disse à Justiça que possuía bens no valor de R$ 227.710,00. Desapareceu da declaração de bens de Marun em 2010, por exemplo, um imóvel no Bairro Almeida Lima, em Campo Grande, avaliado na época em R$ 150.000,00. Mesmo com os altos salários que recebe de cargos públicos e eletivos pelo menos nos últimos 10 anos, oficialmente o candidato e devedor na ação judicial garante que ficou mais pobre. |