Baldochi (na foto, o do meio)
Segundo a polícia local, Baldochi chamou apoio policial para levar os funcionários à delegacia pois teriam cometido crime contra o consumidor. O magistrado, no entanto, não compareceu à delegacia para prestar depoimento. Os três funcionários foram ouvidos e liberados. O juiz embarcou no mesmo dia, mas com outra companhia aérea.
Em nota, a TAM informou que a companhia “segue todos os procedimentos de embarque regidos pela legislação do setor” e salientou que “está colaborando e prestando todos os esclarecimentos às autoridades”.
Associação de juízes critica conduta
Também em nota no final da tarde desta segunda-feira, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) disse que "compartilha da indignação da sociedade" e que "considera inadmissível qualquer atitude praticada por agentes públicos, magistrados ou não, que represente abuso de poder e de autoridade".
A entidade informou ainda que defende "a transparente apuração dos fatos garantindo o devido processo legal" e que "reitera que o comportamento noticiado não representa a conduta dos juízes brasileiros", mas não adiantou se adotará algum tipo de medida em relação a Baldochi.
Juiz já foi investigado por "trabalho degradante"
Baldochi já foi alvo de uma investigação por parte do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há quatro anos, quando foi acusado de manter em condições “degradantes”, análogas às da escravidão, trabalhadores de uma fazenda de sua propriedade, a “Pôr do sol”, no município de Bom Jesus das Selvas.
À época, o CNJ determinou que o juiz respondesse a Processo Administrativo Disciplinar (PAD) ante o Tribunal de Justiça do Maranhão, órgão que, em 2007, já havia decidido pelo arquivamento da denúncia contra o magistrado. Segundo o CNJ, em seu site oficial, “naquele ano [2007], o Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego expediu 24 autos de infração para o juiz, em decorrência de a equipe ter encontrado na fazenda Pôr do Sol trabalhadores em condições precárias de trabalho. (...)De acordo com a revisão disciplinar, os trabalhadores encontrados no local não tinham carteira assinada, não recebiam pagamento regular e nem possuíam equipamentos apropriados para execução dos trabalhos”.
Em 2012, o então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, hoje aposentado, rejeitou pedido do sindicato que representa os trabalhadores do Judiciário do Maranhão para que o juiz fosse investigado. Barbosa considerou que pedido anterior, e que resultara na ordem do CNJ ao TJ-MA, dois anos antes, prejudicava mais aquele pleito da entidade.
Baldochi é juiz desde 2006. A reportagem tentou contato com o juiz, mas ele não foi localizado. Em função do feriado judicial pelo Dia da Justiça, hoje, ninguém atendeu os telefonemas o fórum onde ele trabalha, em Senador La Rocque; no TJ, a informação de um funcionário era que não havia ninguém para comentar o assunto.
No Rio, juiz foi parado em blitz
Mês passado, a 14ª Câmara Cível do Rio manteve a condenação de pagamento de uma indenização por danos morais no valor de R$ 5 mil contra a agente de trânsito Luciana Silva Tamburini. Ela havia sido processada pelo juiz João Carlos de Souza Correa, que, em 2011, parado por ela durante uma Operação da Lei Seca no Leblon (zona sul do Rio), estava sem sua carteira de habilitação, e o veículo, sem placas e sem documentos. O carro do magistrado foi rebocado, e a agente, quando Tamburini se identificou como juiz, disse a ele que o condutor era "juiz, mas não Deus". O juiz deu voz de prisão à agente.
Uma vaquinha na internet conseguiu mais de R$ 20 mil a Luciana para ajudá-la a pagar a indenização.
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