O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Silvio César Maluf, disse em entrevista concedida ao Campo Grande News na tarde desta sexta-feira (09) que o desequilíbrio encontrado nos cofres do governo irá impactar diretamente nas ações da pasta. Segundo ele, as novas ações do atual Governo devem ficar “travadas” por cerca de seis meses.
Segundo Maluf, infelizmente, a estagnação dos recursos em detrimento de “prioridades” é um problema que afeta todas as secretarias, e em um primeiro momento é compreensível, no entanto, faz com que o desenvolvimento de algumas ações, em especifico na segurança, fiquem paralisadas. Ele revela que existe uma dificuldade até mesmo em colocar as viaturas da polícia para “rodar”, em decorrência da falta de recursos para aquisição de combustível.
“Nesse primeiro momento me falta até combustível. E isso é ruim. Temos que pedir as autorizações semanalmente, no entanto, as viaturas não param, elas rodam 24h. E assim fica difícil porque queremos ver as tropas trabalhando”, disse.
O secretário diz ainda que um dos grandes desafios será trabalhar o deficit hoje existente nos órgãos da segurança pública. Segundo ele, existe um deficit de pessoal de cerca de 40% em todas as corporações, e uma estimativa de desligamento de 25% a 30%.
“Esse deficit existente é inicial. São cargos que não tem condições de serem preenchidos. E outra situação que temos que lidar é com esse número de desligamento. Que não é uma coisa recente, de oito anos para cá. É uma coisa que deveria ter sido prevista há cerca de 30 anos, com a realização de concursos. Então, dificilmente iremos atingir o ideal”, ponderou.
Uma das “soluções” que devem ser adotadas, inclusive anunciada pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB), é oferecer um “bônus” para que policial possa trabalhar um período a mais. A medida seria para evitar que o policial não faça o conhecido “bico” em seu horário de descanso e assim contribuirá também para suprir a falta de efetivo.
“Hoje o policial trabalha 24h e descansa 48h. E nesse período ele acaba buscando um bico como vigilante, guarda patrimonial e etc. O fato é que isso o coloca em situação de risco e ele fica desamparado em termos de recursos trabalhistas. A proposta é regulamentar e que ele venha trabalhar na corporação e não na rua. E com isso ele é recompensado financeiramente e nos triplicamos o efetivo.”, disse.
Já em relação ao aumento nos casos de violência registrados em Mato Grosso do Sul, Maluf revela que as ações para inibir essas práticas não devem ser baseadas somente no enfrentamento e sim na compreensão da violência enquanto problema social e cultural.
“Conseguimos reduzir o número de latrocínios (roubo seguido de morte), no entanto, houve um aumento no número de crimes considerados não banais. Como pequenos furtos e de violência doméstica que se tornam preocupantes pela violência e brutalidade empregada.” e para chegar ao “resultado”, segundo ele, será necessário fazer a integração das forças de segurança.
“Temos que pensar na integração das forças. Na questão operacional e de relação. Haver harmonia e respeito entre as policias.”, disse.
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