“Trocamos a quantidade pela qualidade”. Com essa explicação, que parece simples, o administrador de fazenda Rogério Rosalin descreve o processo que tem mantido Mato Grosso do Sul na liderança do mercado da carne bovina, com o preço da arroba do boi gordo sendo o segundo mais alto do país, atrás apenas de São Paulo.
Rogério Rosalin administra a Fazenda 3R, localizada no município de Figueirão (226 km de Campo Grande), e não tem dúvida de que o investimento em tecnologia e a diversificação da produção são os principais fatores para que a pecuária de Mato Grosso do Sul mantenha a liderança, inclusive como maior exportador de carne bovina para fora do Brasil.
Há pouco menos de uma década, Mato Grosso do Sul ainda guardava o status de detentor do maior rebanho bovino do país. Hoje, é o quinto Estado no ranking nacional da pecuária, com rebanho menor que os de Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo e Goiás, nessa ordem.
A situação foi se modificando por força de episódios diversos, que incluem a ocorrência da febre aftosa, em 2005. Com a inevitável mudança na matriz produtiva, o Estado passou a ser exemplo de diversificação da base econômica, abrindo espaço não só para o setor energético, com a cultura da cana, mas também para a silvicultura e as várias modalidades de consórcio.
“O produtor entendeu que o maior ativo que tem na mão é a terra, então ele sabe que precisa explorar esse bem com a maior eficácia possível”, avalia a economista Adriana Mascarenhas, assessora do Departamento Econômico do Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).
Também para ela, a explicação para o fato de Mato Grosso do Sul ter o segundo maior preço da arroba do boi gordo são mesmo as condições de mercado. “Temos vantagens muito competitivas em vários aspectos, desde a localização geográfica, com a proximidade de São Paulo, que é um grande consumidor, até o fator climático deste ano, por exemplo, quando não houve prejuízo tão grande com a falta de chuva quanto em outras regiões”, explica Adriana.
Consórcios
Os investimentos que os produtores fizeram em tecnologia para elevação da produtividade incluem a implantação de consórcios produtivos. Onde antes só havia pastagens, e muitas delas degradadas, hoje há também lavoura e floresta.
“A integração ILPF, de lavoura, pecuária e floresta, vem crescendo muito no Estado e hoje o produtor de Mato Grosso do Sul é o mais tecnificado do país, também pela presença de grandes empresas ligadas ao setor rural”, aponta Rogério Rosalin.
Os sistemas de integração promoveram a “verticalização” da produção nas fazendas. “Onde cabia um animal, hoje cabem três, graças ao investimento na qualidade da pastagem, por exemplo. E com um capim de boa qualidade, você aumenta a produtividade”, observa o administrador.
Valores
Na sexta-feira, por exemplo, enquanto os mercados de Araçatuba e Barretos (SP) cotavam a arroba a R$ 143,50 para pagamento à vista, em Mato Grosso do Sul, o preço oscilava de R$ 137,00 (Campo Grande e Três Lagoas) a R$ 138,00 (Dourados).
Já no preço do bezerro, Mato Grosso do Sul continua praticando os valores mais altos do país. Na sexta, o bezerro Nelore (macho com12 meses) estava cotado a R$ 1.400,00 a cabeça, e a bezerra a R$ 860,00.
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