Estudantes adventistas irão enfrentar uma “maratona” de 11h dentro das salas onde ocorrerão o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), neste sábado (24). As provas também serão aplicadas no domingo (25). Pela crença, eles só podem fazer as provas após o por do sol, e por isso têm que esperar os demais alunos saírem das salas para então começarem a responder as questões das 19h às 23h.
É assim com todos os adventistas, judeus e membros da Igreja Batista por todo o país. O fato, que acontece apenas no sábado, incomoda os estudantes que preferem chegar no horário para fazer as provas ou fazê-las em outro dia.
É o que explicou a estudante Juliana Topazio Ribeiro, 17 anos, que já fez o exame três vezes. “Desfavorece muito a gente porque cansamos mais que os demais inscritos. É uma falta de respeito. Tem fiscal que não deixa a gente nem olhar pro lado. Enquanto a prova não começa a gente fica olhando para o além sem fazer nada”, comentou.
A jovem até participou da assinatura de uma petição na internet para que a regra mudasse, o que não teve sucesso. “A gente pensa que se até mesmo os presidiários podem fazer as provas em outros dias, porque que a gente não pode se estamos falando de uma questão religiosa”, disse Juliana.
Ela estuda no colégio desde a primeira série e se tornou adventista através da influência de colegas de sala. Juliana falou um pouco sobre a proibição de exercer qualquer atividade no sábado. “Na verdade a gente tem que resguardar desde a tarde de sexta-feira até o cair do sol no sábado, porque é um período dedicado a Deus, dia de fazermos algo bom para os outros e não para sí próprio. É um momento de ficar com a família e este é o quarto mandamento da bíblia”, apontou.
A estudante que almeja uma vaga no curso de Medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), nesta sexta-feira (23), preferiu ficar em casa, sem fazer coisas que dão cansaço. Ela se preparou e muito para o Enem através de apostilas pré-vestibular.
Estudando no mesmo colégio o estudante Fabriciano de Oliveira Meira, 17, também acredita que o método adotado para os adventistas fazerem as provas deveria ser alterado. “Penso que a gente tinha que ficar pelo menos em um lugar separado, enquanto os demais fazem as provas. Incomoda muito e só podemos ir algumas vezes no banheiro e tomar água.”destacou.
Fabriciano é adventista junto com a família. Para conseguir a vaga no curso de Educação Física, ele fez curso prepatório em outro período que não atrapalhasse as aulas do ensino médio. “Apesar de enfrentarmos uma maratona amanhã, estou confiante e espero que tudo dê certo”, finalizou.
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