C.V.M., de 60 anos, mãe da tia do menino de 4 anos que foi torturado em supostos rituais de magia negra, foi presa mediante pedido de prisão temporária expedido pela 7ª Vara Criminal de Campo Grande. Ela foi presa em Aquidauana, cidade a 143 quilômetros da Capital.
Segundo o delegado Paulo Sérgio Lauretto da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) o depoimento de Giovani da Silva Ortiz, de 18 anos, foi fundamental para confirmar a participação da mulher nos rituais e nas 'sessões' de tortura. Em depoimento à polícia, ela chegou a dizer que fazia 'magia branca' e não sabia que a filha estava envolvida em 'magia negra'.
Foi feito o pedido de prisão, expedido pelo Judiciário na segunda-feira (29). No mesmo dia, Polícia Civil de Aquidauana prendeu a mulher e, nesta terça-feira (1º), equipe da Depca foi até Aquidauana e encaminhará a mulher para a delegacia em Campo Grande, onde ela pode ser ouvida novamente. Investigações em Aquidauana dão conta que a mulher também praticava os rituais no município, mas não há indícios de que outras crianças tenham sido torturadas.
Técnicos do abrigo onde o garoto de 4 anos esteve antes de morar com os tios e também vizinhos da família foram ouvidos, mas o teor dos depoimentos não foi divulgado pela polícia para não atrapalhar as investigações. A mãe da tia da criança será indiciada por tortura e associação criminosa.
'Avó materna'
A mãe da tia do garoto de 4 anos, vítima de tortura, não é avó da criança, conforme noticiado anteriormente pelo Jornal Midiamax. O homem preso por envolvimento nos rituais é tio da mãe do garoto, portanto é parente distante da criança e a família da esposa não tem ligação sanguínea com o menino.
Relembre o caso
A criança foi resgatada na noite de terça-feira (23) depois de uma visita de rotina do abrigo que constatou os machucados no menino, que tinha muitas lesões pelo corpo, nas costas, pescoço e teve a unha do dedão do pé arrancada, além de ter água quente derramada em sua cabeça.
O garoto foi levado para a Santa Casa da Capital e segundo informações da enfermeira que atendeu o menino, ele perdeu a visão de um olho devido às agressões sofridas.
O casal, de 31 e 46 anos, tios do menino, tinham a guarda desde maio de 2015. O menino tem uma irmã, que ainda está no abrigo. Na residência que fica na região central de Campo Grande, foram encontrados dois celulares, R$ 402, pulseiras de miçangas, patuá e um boneco, que segundo informações eram usados em prática de magia negra.
A justificativa para tanta barbárie seria o diabo, como disse a tia. Segundo a autora, eles ouviam vozes, que eram do diabo, e por isso, praticavam as torturas. O caso foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro e deve ser repassado para a Depca para investigação.
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