Acusados pelo ataque a tiros que deixou seis índios feridos e um morto, no dia 14 de junho deste ano, quatro proprietários rurais de Caarapó, município a 283 km de Campo Grande, passaram o fim de semana na prisão.
Jesus Camacho, Virgílio Mettifogo e Eduardo Yoshio Tomonaga, o “Japonês”, e Nelson Buainain Filho, dono da fazenda Yvu, onde ocorreu o ataque, foram presos quinta-feira (18) pela Polícia Federal, após o juiz da 2ª Vara Federal em Dourados, Leandro André Tamura, decretar a prisão preventiva deles a pedido do MPF (Ministério Público Federal).
Mettifogo, Tomonaga e Camacho foram levados na sexta-feira para a penitenciária de segurança máxima de Dourados, após o juiz federal Moisés Anderson da Costa Rodrigues da Silva negar o pedido verbal para relaxamento da prisão preventiva. Buainain está preso em Campo Grande.
Um quinto pecuarista, Dionei Guedin, também teve a prisão preventiva decretada, mas não foi encontrado pela PF e ainda não se apresentou.
Durante a audiência de custódia, na tarde de sexta-feira (19), o juiz Moisés da Silva considerou não ser o momento oportuno para o pedido de relaxamento da prisão e disse que se manifestaria sobre pedido por escrito, feito na quinta-feira, após parecer do MPF (Ministério Público Federal).
Também continua preso um homem identificado como Paulo Sérgio, funcionário de Dionei Guedin e que foi detido por posse ilegal de arma. Ele não aparece entre os acusados pelo ataque aos índios.
O advogado Maurício Rasslan, que defende Guedin e Paulo Sérgio, disse ao Campo Grande News que o caso foi encaminhado para o Fórum da Justiça Estadual, em Caarapó, mas a juíza local declinou incompetência para a Justiça Federal.
Força-tarefa – De acordo com a assessoria do MPF, a prisão dos ruralistas faz parte da força-tarefa “Avá Guarani”, desencadeada para investigar o ataque armado que resultou em seis índios feridos a tiros e na morte do agente de saúde indígena Clodioude Aquileu Rodrigues de Souza, 26, alvejado por disparos na barriga e no peito.
“De acordo com as investigações, os fazendeiros teriam envolvimento direto com o ataque e podem incorrer nos crimes de formação de milícia privada, homicídio, lesão corporal, constrangimento ilegal e dano qualificado”, afirma o MPF.
Para o Ministério Público Federal, as prisões visam garantir a ordem pública e objetiva evitar novos casos de violência às comunidades indígenas da região – “que já sofreram novo ataque, em 11 de julho, o qual deixou outros três índios feridos, dois deles, adolescentes”.
O ataque aos índios ocorreu no dia 14 de junho, dois dias depois da invasão da fazenda Yvu. Em julho, a Justiça Federal determinou a reintegração de posse da fazenda. A Funai recorreu ao Tribunal Regional Federal, mas o TRF manteve a reintegração. Outras dez propriedades estão ocupadas pelos índios em Caarapó.
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