José Magno Macedo Brasil, psicólogo e psicanalista O programa “Amor-Exigente” foi estruturado em Costa Rica há exatamente um ano. As primeiras reuniões eram observadas com certo cepticismo por um número pequeno de convidados que se quer tinham noção da extensão do programa que iria mudar a vida de muitas famílias que não encontravam mais saídas. O vício nas drogas químicas matava minuto a minuto os dependentes. Com determinação, estava ali a frente do programa um sujeito descontraído, amigo de todos e conhecedor profundo da dura realidade das famílias. Ele é José Magno Macedo Brasil, psicólogo e psicanalista, que buscou num primeiro momento parcerias com a imprensa; em seguida veio a Igreja Católica e depois os Magistrados, e o Ministério Público. Agora a permanecia de Magno, que é coordenador do programa no município, está ameaçada por incompreensão dos gestores da saúde. Sem o apoio oficial do poder público municipal, Magno foi tocando e contando com apoio da sociedade, os dias se passaram e na última terça-feira (31) realizou a 52ª reunião com a presença de quase 50 pessoas. Recebeu a visita do Paulo Roberto, Juiz da Comarca; Luiz Alberto de Moura Filho, representante do Ministério Público; Izonildo Gonçalves de Assunção Júnior; e o vereador Moacir Justino. Eles ouviram depoimentos emocionados de pessoas recuperadas e falaram da importância do trabalho com a comunidade de Costa Rica. Emocionado com o sucesso do trabalho, o Coordenador disse que o foco do Amor-Exigente é a prevenção às drogas ilícitas e afirmou: “é um programa que recupera 90% das pessoas e reestrutura a família”. Para o psicólogo a melhor maneira de tratar é “prevenir”. Magno convidou a sociedade a uma reflexão no sentido diagnosticar o que está acontecendo com a cidade e observou que o futuro está nas mãos de todos, “precisamos repensar o que está acontecendo em Costa Rica, está em nossas mãos... Precisamos pensar em uma nova sociedade”, concluiu. Preocupando com o alto número de pessoas dependentes de drogas ilícitas na cidade, Luiz Alberto falou da importância do programa e disse: “precisamos ter um norte”. O magistrado julga diariamente pessoas envolvidas com tráfico e acompanha a evolução das drogas nas periferias. Demonstrou preocupação com a alta rotatividade do trafico, que segundo ele, a divisa do município com outros Estados contribui e preocupa. Ressaltou os altos custos que um dependente químico traz para a saúde do município, “não podemos ficar de braços cruzados”. Ele demonstrou preocupação com o número crescente de pessoas envolvidas com drogas julgadas na Comarca: “nos que julgamos estamos trabalhando com vidas...”. A possibilidade de Magno se transferir para outra cidade por problemas salariais levou juiz a procurar o chefe do poder executivo municipal para tentar uma solução. O magistrado informou que há uma lista com cerca de 660 assinaturas de pessoas da comunidade pedindo a permanecia dele na cidade. Revelou que as pessoas precisam exigir do poder executivo uma solução para esse impasse, mas reconheceu: “o povo é muito passivo”; e deixou o seu recado aos presentes: “o poder é do povo, ele coloca lá, ele pode tirar, nós fazemos o que está na lei, somos limitados, não somos executivo”, disse.
Izonildo iniciou sua fala com uma dura critica aos políticos locais que viram as costas para o trabalho: “sinto que no meio político a desagregação da família não tem importância, como tem para nós”. Disse ter sido procurado o prefeito, acompanhado do Juiz Luiz Alberto, quando perceberam que o psicólogo não teria condições de continuar, mas até agora não obtiveram resposta. “Dissemos que o grupo é sério, que Magno é fundamental para o grupo ficar fortalecido”. Para Izonildo a questão é política, mas essa não depende do Ministério Público ou do Juiz: “não está em nossas mãos”, finalizou.
O promotor desabafou a angustia de muitas vezes ter que pedir a condenação de um pai de família. “Não e fácil, machuca a alma levar um pai de família para cadeia”. Ele demonstrou a insatisfação com a violência que vem acontecendo na cidade com a sociedade: “muitas desgraças, estão acontecendo”, observou.
Reafirmou o projeto ser fundamental, e a permanecia do Magno também. Se colocou ao lado do profissional e da comunidade para ajudar na solução do impasse. Izonildo destacou a presença do vereador Moacir e disse que ele tem mais poder para ajudar a continuar o trabalho pelas prerrogativas políticas que dispõe. Ele deixou claro que se houver perseguição política vai agir.
O vereador disse ser conhecedor das dificuldades vividas pelos moradores da cidade: “falta de empregos e diferenças sociais, essas pessoas precisam ser resgatadas e o Amor-Exigente ajuda essas famílias. Se o Magno for embora perderemos um grande profissional é fará muita falta, finalizou”.
Já o Padre Paulo manifestou preocupação e disse que ser importante a permanência do psicólogo no grupo: “estamos trabalhando com vidas, e vidas tem que ser defendidas”, esse é o lema do Amo Exigente: “ nós o amamos, mas não aceitamos o que você está fazendo”.
A mãe de uma paciente percebendo que pode perder o profissional por diferenças políticas questionou: o porque de Costa Rica ter tanta política; e indagou: o que está acontecendo? Essa mesma senhora foi categórica em afirmar: “se não fosse o Magno minha filha podia não estar mais aqui”, contundente, ela foi além: “ele precisa ser valorizado, ele não só ajudou a minha filha como está ajudando muitas outras”. Outra mãe falou com orgulho do filho que ficou um ano em tratamento; chorando ela disse: “hoje o meu filho trabalha de carteira assinada”.
Betânia, uma paciente e amiga homenageou e contou sua historia de sofrimento vencida com ajuda do psicólogo e do programa. Ela cantou e finalizou, com uma palavra de quem já não acredita mais na permanecia dele: “ele está indo embora, mas somos todos os amigos, somos uma família que tem Deus para nós coordenar”.
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