Juízes gaúchos levaram para a sala de aula técnicas de conciliação usadas nos tribunais. E conseguiram evitar que os conflitos do dia a dia virassem caso de polícia. O endereço da escola muda. Mas os desentendimentos são parecidos. “Ele mandou eu sair da sala, eu tava descendo as escadas e foi onde que eu chamei o nome que ele não gostou”, diz a estudante Paloma Bica.
“Houve uma ofensa que, naquele contexto, ela me fez muito mal. acho que eu não esperava a reação dela”, disse o professor Elmar Soeiro de Almeida.
Uma pesquisa realizada em Porto Alegre pela Pontifícia Universidade Católica mostrou que, em 90% dos casos, ofensas e ameaças nas escolas podem terminar em agressões físicas.
Por isso, a estudante Paloma e o professor Elmar foram convidados a participar do círculo restaurativo.
Um programa criado pela Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul e aplicado em escolas públicas e particulares do estado.
Em vez de a briga ser resolvida pela direção ou pela polícia como ocorre em muitos casos, as duas partes são convidadas a participar de uma conversa. Aqui, não há hierarquias. Aluno e professor têm o mesmo tempo para ouvir e falar. Um dialogo que busca caminhos para evitar novos conflitos. O encontro é mediado por alguém da própria escola.
O círculo ajudou Anne e Carolina, que já estavam prontas para o pior:
- você ia brigar? - é. - e o que ia acontecer? - uma de nós ia sair machucada.
Nesta escola, o círculo funciona há dois anos.
“Eram resolvidas chamando os 190 alunos, chamando família, conselho tutelar, a gente resolve dentro da própria escola”, diz a diretora Noeli Santos.
João, de onze anos, já aprendeu.
“A melhor maneira da gente resolver os problemas é conversando e não a tapas e gritos, por que isso vai criar mais conflitos ainda”, diz ele.
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