Durante a Operação Again deflagrada pela Polícia Federal, em Campo Grande, nesta quinta-feira (25), um médico cardiologista e o dono de uma clínica alvo da operação foram levados para a sede da Superintendência Regional da Polícia Federal, com tornozeleiras eletrônicas. No local, os responsáveis pela ação de combate à corrupção detalharam, em entrevista coletiva, como funcionava o esquema.
O médico cardiologista que atuava no Hospital Universitário, no Hospital Regional, e na Cassems foi identificado como Nercolli Pedro Cavalcanti, e, segundo a PF, participava do esquema na fraude de licitações. O dono da clínica Amplimed, o empresário Pablo Figueiredo, também foi levado durante a operação. Os dois investigados tiveram de colocar uma tornozeleira eletrônica.
Entenda o esquema: o desvio era feito através de fraude em licitações pelos hospitais e envolvia servidores públicos, que recebiam propinas em forma de viagens e transferência de carros de luxo. A clínica Amplimed era favorecida nos esquemas de licitações.
Outra forma de desvio era o sobrepreço de materiais comprados pelos hospitais, como por exemplo, um Stent- que é uma pequena prótese colocada no interior de uma artéria para evitar uma possível obstrução- que tem seu valor comercial em torno de R$ 800, mas era comprado pelo valor de R$ 2 mil.
Contratos de 2016 a 2017 mostram um desvio de R$ 3 milhões e 200 mil de um total de R$ 6 milhões. Muitos equipamentos eram superfaturados em 100% de seu valor de mercado.
O superintendente da CGU (Controladoria Geral da União) José Paulo Barbieri disse em coletiva que “Sistema frágil de controle do estoque dos hospitais favorecia a ação criminosa”. A investigação teve início em 2016.
O médico cardiologista e o dono da Amplimed não irão ficar presos, mas devem cumprir regras como a não comunicação com investigados da operação, afastamento do serviço público e da empresa.
Durante a operação foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão e 100 agentes participaram da operação.
‘Sangue Frio’
Em 2013 a Polícia Federal deflagrou a Operação Sangue Frio, onde integrantes da quadrilha fraudava licitações e superfaturava serviços. A quadrilha controlava os grandes hospitais do estado e orientava assinatura de contratos, além de dar a direção para o repasse de verbas do SUS. A época, os pacientes eram enviados à clínica particular, de propriedade do médico Adalberto Siufi, e o pagamento era feito com base na tabela do SUS, acrescido de 70%, fato proibido por lei.
Outras operações
Em novembro de 2017 a Polícia Federal deflagrou a Operação Marcapasso para cumprir 137 mandados em 10 estados brasileiros, sendo um deles Mato Grosso do Sul. A operação era contra a fraude em licitações para a aquisição de equipamentos médicos.
As fraudes aconteciam para a aquisição de equipamentos chamados OPMEs (órtese, próteses e materiais especiais) de alto valor e grande custo para o sistema de saúde.
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