A Polícia Federal concluiu que o deputado Vander Loubet (PT-MS) cometeu crime ao receber R$ 50 mil de "caixa 3" na eleição de 2010. As investigações começaram após as delações de executivos da Odebrecht.
Enquanto o "caixa 2" consiste em o candidato receber uma doação e não declará-la à Justiça Eleitoral, o "caixa 3", pelo entendimento da PF, consistiu em Loubet pedir doação de campanha para a Odebrecht, e os executivos da empresa procurarem um outro grupo empresarial para fazer a doação. O crime investigado no caso é falsidade ideológica eleitoral.
Procurado, o deputado divulgou nota na qual afirmou que as acusações contra ele não procedem e são "inverídicas".
"Os recursos recebidos pela minha campanha foram contabilizados como consta na prestação de contas, aprovada pela Justiça Eleitoral. Repito: todas as doações foram oficializadas, de maneira que não recebi recursos não contabilizados", afirmou.
As conclusões da Polícia Federal foram encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e remetidas à Procuradoria Geral da República (PGR) para análise.
Entenda o caso
O delegado responsável pelas investigações, Heliel Jefferson Martins da Costa, chegou à conclusão de que Vander Loubet, ex-executivos da Odebrecht, o dono do Grupo Petrópolis, Walter Faria, e o dono das empresas de distribuição de bebidas Praiamar e Leyroz de Caxias, Roberto Lopes, cometeram o crime de falsidade ideológica eleitoral.
Segundo as investigações, Loubet pediu doação ao grupo Odebrecht na eleição de 2010 e teve o pedido atendido, mas o dinheiro foi destinado à campanha e registrado oficialmente como doação de duas empresas ligadas ao Grupo Petrópolis.
Procurado, o grupo informou que "todas as doações feitas pelo Grupo Petrópolis seguiram estritamente a legislação eleitoral e estão devidamente registradas."
O G1 buscava contato com as empresas Praiamar e Leyroz de Caxias até a última atualização desta reportagem.
A doação pelas empresas clientes do Grupo Petrópolis, ainda de acordo com as investigações, foi pedida por dirigentes da Odebrecht porque eles não queriam aparecer como doadores para a campanha de Loubet. A Petrópolis repassou o pedido às empresas Praiamar e Leyroz.
Em depoimento, Walter Faria contou que o valor foi abatido de uma "conta corrente" mantida pela Odebrecht e pelo Grupo Petrópolis, criada em razão de obras feitas pela empreiteira para a cervejaria.
Como eram feitos os pedidos
Em algumas oportunidades, segundo a PF, o pedido era repassado por Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis, aos clientes, que efetivamente faziam as doações. O delegado ressaltou que, só entre 2010 e 2012, Praiamar e Leyroz doaram R$ 77 milhões para candidatos.
De acordo com Walter Faria, Roberto Lopes, da Praiamar, não sabia que o pedido original era da Odebrecht.
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