O chefe da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China, Charles Andrew Tang, afirmou estar preocupado com a sucessão de atritos na relação entre os dois países em meio à pandemia do novo coronavírus. Os desentendimentos têm sido causados por comentários de pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). As informações são do Uol.
“Não adianta ficar atiçando um país que só quer o bem do Brasil”, afirmou Tang ao Uol. Para o empresário, “esse acúmulo de feridas realmente pode levar a decisões mais sérias por parte do governo chinês”.
Em nota publicada na segunda-feira, a Embaixada da China também deixou claro seu descontentamento e citou haver “influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais”. O país asiático é o maior parceiro comercial do Brasil no mundo. Uma eventual retração de investimentos prejudicaria principalmente o agronegócio, um dos segmentos que mais apoia Bolsonaro.
O chefe da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China alertou ainda que o país asiático é o maior fornecedor de equipamento médicos. “Nessa guerra atual contra o vírus, o mundo inteiro depende da China. Os Estados Unidos, por exemplo, mandaram aviões para buscar ventiladores. Mesmo que se decida por produzir localmente equipamentos fundamentais para enfrentar o coronavírus, como os respiradores, as peças e componentes de produção vêm da China também”, afirmou ao Uol.
Tang também ressaltou a importância da experiência chinesa no combate ao coronavírus. “A epidemia foi derrotada na China em quatro meses. Não é hora de países ficarem trocando acusações. Não é o momento mais inteligente para criar problemas uns contra os outros, e sim estarmos juntos contra um inimigo em comum”, disse.
Nesta semana, uma postagem do ministro da Educação, Abraham Weintraub, nas redes sociais provocou novo tensionamento nas relações entre o Brasil e a China. Após usar o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, para ridicularizar o sotaque dos chineses, Weintraub disse nesta segunda que pode até pedir desculpas à embaixada do país asiático por sua “imbecilidade”, desde que a China forneça respiradores ao Brasil para o combate ao novo coronavírus.
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