Dona Cleusa em casa organizando os alimento recebidos
Nesta quarta-feira (27) de abril, centenas de mães se dirigiram até as escolas municipais de Costa Rica/MS onde conversaram com os professores, retiram os materiais escolares dos filhos e receberam Kits com diversos alimentos oferecidos pela prefeitura. O dia de hoje foi diferente nas escolas, mães, avós e outros familiares responsáveis pelos alunos tiveram acesso ao kit alimento entregue pela primeira vez para cada aluno matriculado este ano.
As famílias estão vivendo um momento difícil em virtude da pandemia, o sustento dos filhos elevou orçamento doméstico tornando quase insustentável a sobrevivência das famílias.
O Hora da Notícia acompanhou a dona Cleusa de Jesus Pereira, de 57 anos, mãe de sete filhos, todos maiores de idade, porém é ela a responsável por cinco netos com idade entre cinco e treze anos. Os netos estão matriculados regularmente na escola, porém uma criança de cinco anos está fora da sala de aula em virtude de não ter o CPF (cadastro de pessoa física).
Cleusa não tem emprego, trabalhava na roça no corte da cana e na colheita de milho, “eu estou impossibilitada de trabalhar, cuido dos netos”.
A cegueira do poder público:
Dona Cleusa é uma valente, tem disposição, mas o que deixa ela triste é o fato de morar a dez anos na cidade e não ter tido a “sorte de ganhar uma casa” da prefeitura. “Nunca fui contemplada com casa, espero, mas sempre dizem para mim, logo vai ter mais, sei que foram doadas muitas casas e sei também que tem gente que podia esperar”, desabafa.
A história de vida da dona Cleusa é de dor na alma, ver tamanha desigualdade e a busca por um teto, “são seres humanos que os olhos do poder público não os enxerga por uma década”.
Cleusa questionou: “será que eu não tenho direito a uma casa”?
O dilema para ir buscar o Kit:
Ela mora distante cerca de dois quilômetros da escola Joaquim Martins Carrijo, localizada no bairro São Francisco, mas não tinha como ir até a escola uma vez que não tinha com quem deixar as crianças. Ela contou a jornalista do Hora da Notícia que estava procurando alguém para ir com ela para ajudar trazer os Kits uma vez que uma amiga havia lhe informado que era pesado.
A jornalista então se propôs a acompanhar a avó e no trajeto foram conversando sobre sua trajetória de vida. A dificuldade da mãe, avó para se locomover até a escola é em virtude também de a cidade ainda não contar com transporte coletivo.
Ao final, já em casa ela abriu um sorriso e expressou sua gratidão: “estou muito feliz hoje porque as coisas estavam difíceis, vamos comer carne hoje, só comia quando um filho que mora na fazenda comprava”.
Ela continuou contando que fazia muitos anos que não entrava em um mercado, “estou muito agradecida achei que era pouquinho alimento, mas é bastante, vai me ajudar muito, agradeço a todos que se preocuparam com a situação que vivemos”. Ela enalteceu a diretora da escola, Delzeir Maria da Silva.
Cleusa, foi até um supermercado para retirar a carne que compõe o Kit.
Deus me fortalece, vivo porque não tem como deixar as crianças, mas não é fácil, tenho muito medo dessa doença, se acontecer algo comigo quem vai cuidar das crianças?
Outra Mãe e o dilema da busca por moradia:
Francisca Araújo da Silva, também mora de aluguel em Costa Rica fazem cerca de nove anos, “pago aluguel, meu maior desejo e ter uma casa e sair do aluguel, viver com meus filhos, muitos foram contemplados, precisam rever os critérios de acesso a moradia”, observou.
A mãe tem dois filhos, sendo que um deles cursa o quinto ano e tem direito a um Kit de alimentos.
Francisca disse ter ficado emocionada ao ganhar uma lembrança do dia das mães (comemora no dia 09 de maio), “me emocionei”.
Ela recebeu no CEI (Centros de Educação Infantil) mais outro Kits uma vez que tem dois filhos na instituição, “e uma maravilha ser lembrada nessa pandemia, fiquei muito satisfeita com a quantidade de alimento que estou levando, dois kits para casa, vai me ajudar muito, Gratidão é a palavra, eu só trabalho fazendo diária e estou com pouco serviço agora”, finalizou.
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