A formação de uma federação partidária envolvendo PSDB, União Brasil e MDB fica cada vez mais próxima de se tornar realidade, mesmo que o prazo para concretizar a situação expire apenas no fim de maio – dois meses depois do período de janela partidária, que vai definir o vai e vem de políticos entre as legendas.
Em Mato Grosso do Sul, a questão, que é fechada nacionalmente e vigora em verticalidade, ou seja, os diretórios regionais precisam acompanhar a executiva principal, começa a ser tratada de forma mais ampla e acentuada, já que três importantes nomes podem cair no mesmo grupo.
Dois deles, o ex-governador André Puccinelli (MDB) e a deputada federal Rose Modesto (hoje no PSDB, mas que aguarda a janela partidária para migrar para o União Brasil), garantem que não abrem mão de suas candidaturas. No caso de Puccinelli, ele argumenta que lidera as pesquisas – realizadas em caráter quantitativo – e tem extenso currículo na política.
Rose, por sua vez, traz consigo certa jovialidade, afinal, ainda está na faixa dos 40 anos, além de ter um grupo sólido de apoiadores, uns conquistados pelos anos de trabalho de chão em Campo Grande, outros, graças à sua representatividade como uma das principais parlamentares federais de Mato Grosso do Sul em Brasília (DF), ganhando força também no interior do Estado.
Secretário de Estado de Infraestrutura, Eduardo Riedel, apesar do aspecto ainda introspectivo quanto à exposição em mídia e falas com a imprensa, além de ainda adotar uma pré-campanha em tom tímido, é mais um que não pretende abrir mão do que projeta para outubro em uma disputa interna, em caso de oficialização da federação partidária entre PSDB, MDB e União.
Ainda ensaiando algumas aparições e entrevistas à imprensa sul-mato-grossense, Riedel conta com “porta-vozes” na maioria das vezes, seguindo ainda em segundo plano nos chamados “quebra-queixos”, que são as entrevistas realizadas nas agendas públicas do governo.
E foi justamente em um desses eventos que o maior interlocutor tucano comentou sobre as “armas” de Riedel nessa disputa: o governador Reinaldo Azambuja, talvez um de seus principais entusiastas para as eleições deste ano.
“Se houver essa aliança, o partido que tiver a maior estrutura política e a maior estrutura para disputar vai agregar os outros. Mas temos que aguardar, pois isso vai acontecer só no fim de maio. Vamos agora ficar tranquilos, buscar o apoio dos que gostam da gente e que acreditam nesse governo municipalista”, respondeu Reinaldo sobre o cenário.
Ao abordar o governo municipalista, Azambuja faz clara abordagem também a um dos motes para embasar a pré-candidatura de Riedel, mesmo sem alianças fechadas: a continuidade de um legado de oito anos de governo do PSDB.
De fato, ações diversas são feitas em todo o Estado em parceria com as prefeituras, independentemente de filiação partidária, estratégia que rende frutos na gestão pública e também nas urnas.
“Quando a gente se dá as mãos, e hoje o Estado tem condição de investir, conseguimos a ajuda de todos. E, lá na campanha, quem quiser estar conosco é bem-vindo. Respeito todos partidos. Não teremos inimigos, só adversários. Inimigos, não; adversários, sim”, pregou o governador.
“Vou defender, com o Jaime [Verruck, chefe da Semagro e possível candidato a deputado federal], o Eduardo [Riedel] e o Marcelo [Iunes, prefeito de Corumbá, que estava ao seu lado no momento da fala], esse legado, pois o Estado estava muito mal lá atrás e, hoje, graças a Deus, está muito melhor. O Estado é maior que qualquer governo. Se ele sucumbir, pessoas sucumbem junto”, concluiu Reinaldo Azambuja.
APOIO ATÉ DA ESQUERDA
O conceito de estrutura do PSDB, que está atrelado ao trabalho da atual gestão estadual, é um trunfo reconhecido até por nichos de outro espectro político, no caso, a esquerda. Um nome que já declarou apoio ao tucano em outubro é o deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT).
“Olha os nomes que estão aí postos: André, Rose, Marquinhos, são todos iguais. Se pegar nesse gancho de direita e esquerda, o que eles trazem de diferente?”, indagou.
“O Riedel não foge muito desse espectro aí, mas pelo menos ele tem um trabalho sendo feito, faz parte de um projeto que inclui os municípios nele, trabalha em conjunto. Então, se são todos do mesmo bolo, ele pelo menos tem um trabalho diferente”, frisou Dagoberto à reportagem.
Além disso, conforme apurado pelo Correio do Estado, pesquisas qualitativas sustentam a ideia tucana de que Riedel é o melhor nome hoje para o governo. Certamente, isso será também colocado na mesa de negociações.
NYELDER RODRIGUES, RODOLFO CÉSAR
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