O preço da carne subiu mais do que o dobro da inflação, nos últimos 2 anos, segundo levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Alta das exportações contribuiu para puxar os preços no mercado interno brasileiro.
“Numa semana compra, na outra não compra. Está muito caro”, conta a doméstica Marli Teixeira.
O susto no açougue não é só impressão. Desde o começo da pandemia, em março de 2020, até abril deste ano, a inflação geral, ultrapassou 19,4%. Já o preço médio das carnes aumentou 42,6%, no mesmo período, segundo levantamento do Ipea.
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O faturamento dos açougues não demorou para ser afetado. Em um açougue de Belo Horizonte, por exemplo, o faturamento despencou 25%.
E se os açougues compram menos, os frigoríficos desaceleram a produção. Um frigorífico em Sabará, na região metropolitana de BH, que só vende paro mercado interno, está operando em escala reduzida há dois meses.
“Hoje a gente cumpre 70% da jornada usual em razão desta diminuição da oferta de matéria-prima”, conta o diretor-executivo de um frigorífico, Gabriel Vilaverde.
Normalmente, quando o consumo de algum produto cai, o preço tende a cair também. É a lei da oferta e da procura. No entanto, isso não tem acontecido no Brasil por conta de fatores externos.
A pesquisadora do Ipea diz que, desde março de 2020, até março deste ano, as exportações de carne bovina para China aumentaram 30,4%, o que reduziu a oferta no mercado interno.
“Por enquanto, a gente não vê um cenário de queda de preço não. Justamente porque a gente ainda tem um cenário internacional aquecido, e a gente ainda está em recuperação da oferta. Provavelmente vai estabilizar num preço mais alto”, explica Ana Cecília Kreter, pesquisadora do Ipea.
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