O potencial de produção, de negócios e de infraestrutura de Mato Grosso do Sul e de regiões do Paraguai, Chile e Argentina reforça a importância da efetivação do comércio com o mercado asiático através do Oceano Pacífico. O assunto foi discutido no painel “Integração na Rota Bioceânica”, realizado no final da tarde e na noite desta quinta-feira (26), no Plenário Deputado Júlio Maia, na Assembleia Legislativa. O evento encerrou os trabalhos do primeiro dia do Fórum “Integração dos Municípios do Corredor Bioceânico”.
Tendo como moderador o ministro da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Castro, coordenador nacional do Corredor Rodoviário Bioceânico, o painel oportunizou trocas de informações e experiências com riqueza de conteúdo em nove apresentações.
Os palestrantes abordaram a experiência da Itaipu Binacional como financiadora de obras públicas, produção agrícola de Mato Grosso do Sul e do Paraguai, ambiente chileno de negócios, benefícios da Zona Franca de Iquique (Zofri), no Chile, possibilidade de ampliação de voos de cargas a Antogofagasta, também no Chile, potencial econômico da província de Salta, na Argentina, força produtiva e de negócios do cooperativismo e a aproximação entre os setores público e privado.
O painel se iniciou com a apresentação “A Experiência Inovadora do Financiamento de Obras Públicas por Itaipu Binacional”, feita pelo engenheiro e advogado Carlos Marun. Ele relatou, em linhas gerais, a história de Itaipu, destacando a experiência da usina no investimento em obras. Marun enfatizou a previsão entre as ações da Itaipu a possibilidade de promover o desenvolvimento do Brasil e do Paraguai por meio de investimento em infraestrutura.
O crescimento agrícola estadual foi salientado pelo gerente técnico do Sistema Famasul, José Carlos de Pádua Neto, na apresentação “O Potencial Agrícola de Mato Grosso do Sul e o Corredor Rodoviário Bioceânico”. Pádua Neto informou, entre outros dados, que nos últimos dez anos, que a área de plantio de soja cresceu em 1,7 milhões de hectares e a de eucalipto em 770 mil hectares. “Isso nos impulsiona a buscar novos horizontes de exportação, especialmente a Ásia. Portanto, esse corredor via Pacífico é muito importante para Mato Grosso do Sul”, concluiu.
O potencial agrícola do Paraguai também foi pautado no painel. Em participação virtual, Luis Cubilla e María Luisa Ramirez, da Cámara Paraguaya de Exportadores y Comercializadores de Cereales y Oleaginosas (CAPECO) fizeram a apresentação “Potencial Agrícola do Chaco Paraguaio”. Eles informaram sobre a produção agrícola no Chaco, região que abriga cerca de 240 mil paraguaios. “Penso que a Rota Bioceânica será fundamental para o desenvolvimento do Chaco Paraguaio”, disse.
O Chile foi abordado em três apresentações. Na primeira, intitulada “Chile, ambiente de negócios e oportunidades de investimento”, Vanessa Severin, da Invest Chile, informou que o Chile, que tem o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita da América Latina, é considerado, desde 2018, a nação latino-americana mais competitiva do Fórum Econômico Mundial e um dos mercados mais atrativos.
Também sobre o Chile, houve a apresentação “As vantagens de Zofri”, feita por José Pedro Alvarez, gerente de negócios dessa zona franca. Ele informou que a Zofri é uma empresa público-privada, que tem 31 tratados de livre comércio com diversos países, entre os quais está o Brasil. A Zofri comporta mais de 2 mil empresas, das quais 57% são estrangeiras e dessas, 33%, são asiáticas.
Depois da apresentação de Pedro Alvarez, o ministro Parkinson, em sua intervenção, falou sobre a possibilidade de voos de carga direitos de Campo Grande para Antofagasta, no Chile. A informação, que deve estar entre os resultados do Fórum, foi reforçada por Oscar Mártinez, que fez a apresentação “Terminal Internacional de Cargas: Aeroporto Andrés Sabella em Antofagasta”. Martinez é gerente de operações desse terminal. Ele disse que haverá vôo de carga saindo de Campo Grande até o Chile. Sem dar detalhes, o gerente informou ter conseguido, durante o Fórum, parceiro local para o empreendimento. “Nosso desafio é descentralizar São Paulo e Santiago e termos voos regulares de cargas, como de Campo Grande ao Chile”, afirmou.
Oscar Martinéz tratou sobre a expansão de voos de cargas ao Chile
Argentina e a diversidade econômica de Salta
O potencial agrícola argentino foi destacado por Diego Saravia, diretor-geral de Comércio Exterior da Província de Salta, na apresentação “Oferta Exportável”. Ele falou em nome do Ministério da Produção e Desenvolvimento Sustentável. “Salta é uma das províncias argentinas com maior variedade de produção agrícola”, afirmou. Entre outras características econômicas, a região se destaca na agroindústria, no turismo, em gás e petróleo, e na produção de diversas culturas, como feijão, milho, soja, cítricos e tabaco.
O cooperativismo também foi tratado no painel. Na apresentação “O Cooperativismo de Resultados: a experiência da Lar”, Vandeir Conrad, superintendente de Negócios Agrícolas da Lar Cooperativa Agroindustrial, apresentou dados que mostram a força da organização de pequenos agricultores. Ele informou que a Lar, que realiza 80% de seu negócio agrícola com Mato Grosso do Sul, tem 24.647 funcionários. “É a cooperativa singular que mais emprega no Brasil”, disse. Conforme Conrad, a maioria dos associados da Lar é formada por pequenos produtores – na cooperativa, 49,2% dos associados têm propriedades de até 20 hectares.
A última fala da noite foi de Ramon Ortellado, secretário-geral da Bripaem, associação civil público-privada formada por prefeitos e empresários dos países membros e associados ao Mercosul. Na apresentação “Bripaem, integração produtiva”, Ortellado afuirmou que a associação é importante no processo de efetivação da Rota Bioceânica por aproximar os setor público e privado, estimulando-os a trabalharem juntos.
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Por: Osvaldo Júnior Foto: Wagner Guimarães
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