Fronteira da Bolívia com o Brasil, em Corumbá, a 428 quilômetros de Campo Grande, segue fechada pelo quinto dia consecutivo nesta quarta-feira (26), conforme apurado pela reportagem. Os reflexos da manifestação já impactam na economia de Puerto Quijarro, no lado boliviano, e no município sul-mato-grossense.
Ontem, o vereador corumbaense Allex Prado Della (Republicanos) sugeriu em sessão que a Comissão de Relações Exteriores e Direito Internacional da Câmara busque diálogo e diplomacia com autoridades do país vizinho e representantes dos manifestantes contrários e a favor do fechamento.
“Vamos nos reunir, nos debruçar sobre a situação do ‘paro cívico’, e buscarmos uma solução pacífica”, afirmou em publicação no site oficial da Câmara Municipal de Corumbá. Ele avalia que, ainda que se trate de uma questão relacionada à Bolívia, os impactos surgem também na população brasileira.
“Os efeitos já estão sendo sentidos do lado brasileiro. É uma questão interna da Bolívia, mas, nós podemos através do diálogo e da diplomacia, buscar uma saída para o problema de forma pacífica, para que a fronteira seja reaberta”, destacou, antes de propor reunião entre as autoridades da região.
O vereador Manoel Rodrigues (Republicanos) também se mostrou preocupado. Lembrou que o fechamento da fronteira não afeta somente a economia corumbaense, mas também a própria população boliviana na região de fronteira que pode ficar desabastecida, inclusive de gêneros alimentícios importados do Brasil.
Paro cívico - A mobilização acontece do lado boliviano, onde a população exige a antecipação em um ano do censo demográfico marcado para 2024. Puerto Quijarro fica no departamento de Santa Cruz. O último levantamento foi realizado há mais de uma década, o que impacta na distribuição de recursos e de cadeiras no Congresso.
Até agora, ao menos, uma pessoa morreu durante o enfrentamento entre bolivianos contrários e favoráveis ato. Segundo o jornal boliviano El Deber, a vítima foi Julio Pablo Taborga, mais conhecido como "Viborita", morador de Arroyo Concepción.
Na manhã de ontem, cerca de 4 mil pessoas do comitê cívico da província Germán Busch se manifestavam. O objetivo é que o governo de Luis Arce (MAS) antecipe o Censo Demográfico até junho de 2023.
Conforme o Diário Corumbaense, o chefe da Alfândega da Receita Federal, Erivelton Moyses Torrico Alencar, 85% das exportações do Centro-Oeste brasileiro saem por Corumbá e esse fechamento impede o fluxo de mercadorias. Esse é o terceiro "paro cívico" em protesto ao Censo. O primeiro foi em 25 de julho e o segundo no dia 8 de agosto.
Ontem, cerca de 600 caminhões estavam parados na fronteira, segundo o presidente do Setlog Pantanal (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística), Lourival Vieira Costa Júnior. Ele estimou que o prejuízo estimado por caminhão é, em média, de US$ 5 mil dólares, que convertendo para reais fica R$ 15,9 milhões por veículo.
“Se cada caminhão parado é um processo de exportação, eu estou deixando de entregar e pegar essa carga", explicou. Do montante parado, 200 estão do lado de Corumbá e o restante em Puerto Quijarro. Os veículos transportam diversos produtos, como fertilizantes, ferro ou cerâmica.
CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
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