Depois de faltar a três debates neste segundo turno, enfim, capitão Contar, candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo PRTB, ficou cara a cara com seu adversário, Eduardo Riedel, do PSDB.
Discussões, bate-bocas e acusações marcaram o início do debate promovido pela TV Morena e que durou duas horas. Na maior parte do confronto, Riedel tentou emparedar Contar, que, para defender-se, atacava o governo de Reinaldo Azambuja, fiador da candidatura do tucano.
Por vezes, Riedel provocou seu concorrente que, em alguns temas, como saúde, por exemplo, quis sair-se da questão com réplicas genéricas, isto é, não específica, imprecisa ou vaga.
Contar, principalmente num dos quatro blocos do debate, quando questionado acerca de plano de investimento para o Estado, lançava suspeitas de corrupção contra o governo, o qual Riedel foi secretário estadual por sete anos.
A convite do Correio do Estado, Daniel Miranda, doutor em Ciências Sociais, viu o debate e prometeu comentar trechos dele.
"Então, o primeiro bloco foi o mais agitado, até pelo formato mais 'livre' do debate. Não houve grandes novidades em relação a debates anteriores ou à propaganda política: Contar mais confortável no papel de 'oposição', mesmo sendo candidato ao governo há meses já, tentando confrontar Riedel como se estivesse na tribuna da Assembleia Legislativa [é deputado estadual] discursando contra o governo de Azambuja (como fez ao longo de seu mandato). Tentando a todo momento manter o debate no tema da corrupção e tentando ligar Riedel o máximo com isso, citando nomes de empresas".
Seguiu o doutor: "Riedel, nesse ponto, pareceu um pouco mais preparado do que em debates anteriores, foi evasivo quanto às denúncias contra o governo Azambuja (obviamente), mas foi "para cima" também apontando, novamente, para a esposa de Contar e suas atividades empresariais para tentar equilibrar o debate e constranger Contar nesse tema (além de desestabilizá-lo, por envolver diretamente sua família)".
Riedel contou um episódio que envolveria a empresa da mulher de capitão Contar com um contrato publicitário com a prefeitura de Ribas do Rio Pardo, cidade distante uns 100 quilômetros da capital. O caso em questão corre na esfera judicial.
Ainda segundo Daniel Miranda: "além disso, Riedel também desafiou Contar a postar certidões negativas dele e de seu vice (Beto Figueiró). Nesse ponto, foi a primeira vez que vi o Contar (pelo que me lembro) sendo evasivo quanto ao tema da transparência, tão forte em sua campanha".
Eduardo Riedel disse no meio e no final do confronto, que nesta sexta-feira (28), dois dias antes da eleições, vai postar na internet as certidões negativa dele, da mulher e do vice, Barbosinha. A certidão negativa é um documento utilizado para comprovar a existência ou não de ação civil, criminal ou federal contra uma determinada pessoa.
Contar evitou esticar o assunto e não revelou se vai ou não concordar com a proposta de Riedel, no caso, expor as certidões negativas do vice, dele e da mulher.
Para cientista social, o segundo bloco foi "mais engessado por causa do formato de pergunta-resposta, ficou nítido o contraste entre os candidatos, com Riedel tentando assumir a iniciativa e controlar o tom da conversa, desafiando Contar a detalhar mais seus planos, que é o ponto mais frágil de sua candidatura".
Num instante do debate, os adversários falavam da regionalização da saúde e Contar indagou Riedel a "razão" de o atual governo, em oito anos de mandato, não ter concluído o programa, que consiste em fortalecer o atendimento à população que mora em cidades distantes de cidades maiores.
Riedel discordou de Contar e fez um questionamento ao concorrente: quanto de dinheiro restava para concluir o programa da regionalização da saúde.
Capitão Contar citou dois números, no último cravou que eram precisos R$ 16 bilhões. Riedel disse que "não conhecia tal número" e respondeu: R$ 500 milhões.
O candidato Contar disse, depois, que seria bem mais fácil para Riedel detalhar os números porque já atuava no governo. O candidato do PSDB retrucou a resposta e disse que seu adversário era deputado estadual vice-presidente da Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa, portanto, teria a "obrigação de entender" do assunto.
Contar respondeu que, se eleito, vai contratar os "melhores técnicos do Brasil" para se tornar "o melhor governador que MS já teve".
Ainda conforme o cientista social, depois do segundo bloco, o debate seguiu na mesma toada dos demais, isto é Riedel tentando emparedar Contar com dados e Contar criticando o governo Azambuja".
Os candidatos falaram além da educação, saúde, programas sociais, também de meio ambiente.
Este foi o último debate do segundo turno, único participado por Contar: Ridel compareceu a todos. Ambos os postulantes ao governo do Estado já haviam declarado apoio à reeleição de Jair Bolsonaro (PL).
Celso Bejerano/Correio do Estado
|