“Esse movimento golpista e antidemocrático já deu o que tinha que dar”, iniciou o deputado estadual Pedro Kemp (PT), em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (24). Ele se referiu aos manifestantes em rodovias e em frente a quartéis militares que pedem desde a anulação das eleições, até intervenção militar.
O petista - que relembrou a trajetória de seu partido de apoio a diversas manifestações por garantia de direitos – disse que as atuais manifestações passaram do limite com exemplo de casos que impediram o livre trânsito de pessoas que perderam a prova do Enem, órgão para ser transplantado, filha que não pôde se despedir da mãe hospitalizada ou ao menino de nove anos impedido de passar para um procedimento oftalmológico para não perder a visão.
Para tanto, o deputado informou que a bancada do PT, em nível estadual, municipal e federal, esteve com o Governo do Estado pedindo informações sobre como as determinações para colocar fim às manifestações estão sendo cumpridas. “O governador Reinaldo Azambuja já nos apresentou dois dossiês com mais de 300 nomes de pessoas que organizam e financiam esses movimentos. Os nomes estão em caráter sigiloso, mas nos garantiu que estão atuando no sentido de que essas pessoas respondam perante a Justiça”, explicou.
Ele ainda comentou que a multa aplicada pelo ministro Alexandre de Moraes, de R$ 22 milhões aos partidos PL, PP e Republicanos, que pediram a anulação das eleições. "Pedido sem provas. A decisão dá um recado muito duro a quem não respeita a democracia. Além disso, suspendeu o Fundo Partidário, cumprindo seu papel de restabelecer a ordem nesse país. Não aceitar qualquer ação sem fundamento. Mais de 60 milhões de brasileiros decidiram que o próximo presidente será Luiz Inácio Lula da Silva e mandou para casa Jair Messias Bolsonaro, ponto final. Não existe nenhuma possibilidade de anulação. Querem anular para presidente e não querem para governadores e deputado? Isso é discurso que inflama as manifestações, com atos absurdos”, considerou.
Da mesma forma, Amarildo Cruz (PT) usou a tribuna para criticar as manifestações, considerando-as atos antidemocráticos. “Posso manifestar, mas eu não posso prejudicar os demais e, principalmente, pedir uma coisa que quer caçar exatamente o direito de lutar [intervenção militar]. Isso é de uma insensatez, um equívoco sem tamanho para não dizer outra coisa. Se meu presidente ganhou tá correto. Se não ganhou a urna tem problema? O povo está nas ruas. Que povo? É uma parcela reduzida da população. O projeto do presidente Lula é que ganhou. Nós somos a maioria, com mais 60 milhões de votos. Todo dia a equipe de transição descobre um rombo para atacar a democracia, financiar a arbitrariedade, sendo que foi a democracia que o levou onde ele está. E ainda tem deputado que atenta à sua própria condição de estar aqui”, lamentou Amarildo.
Multa arbitrária
Para o deputado Evander Vendramini (PP), as manifestações são legítimas e estão sendo realizadas dentro do que permite a Constituição. “Quem rasgou a legislação foi o ministro que absolveu um condenado e o pôs ‘para jogo’. É o próprio TSE que não tem condições nenhuma de aferir o resultado das eleições, desde que cancelaram o julgamento do Lula. As pessoas estão lutando de forma pacífica por um resultado viciado, tendencioso, acompanhado de uma covardia do Congresso Nacional, que não analisa os pedidos de impeachment dos ministros. Os partidos apontaram inconsistências. Infelizmente o ministro agiu de forma parcial e aplicou uma multa nunca antes vista. E ainda tem a imprensa que se acovardou. Defendo o cidadão, digo para que não se entreguem, pois a luta tem que continuar. Não podemos concordar com o que aconteceu na Argentina, Chile ou Cuba”, comparou.
O deputado João Henrique (PL) também criticou a multa e defendeu as manifestações, considerando-as legítimas. “Os brasileiros estão fazendo a aplicação de seus direitos de se reunir e se manifestar. O que estamos vendo foram 61,4% de brasileiros que não escolheram o eleito. A forma como foi calculada essa multa, pelo número de urnas, o ministro achou um número um tanto cabalístico, mas seria muito mais honesto ele atribuir o valor da causa aos bilhões desviados pelo Partido dos Trabalhadores. Quando as pessoas pedem algum tipo de ajuda, elas pedem esperando a atuação em cima da Constituição. Queremos um juiz para dar um cartão vermelho para os que são técnicos querendo ser jogadores”, analisou o parlamentar.
Por: Fernanda Kintschner Foto: Luciana Nassar
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