Vítima de tortura e asfixia, o médico Gabriel Paschoal Rossi, de 29 anos, agonizou 48 horas antes de morrer, conforme revelou nesta manhã o delegado Erasmo Cubas, responsável pela prisão dos quatro envolvidos no assassinato, descoberto no último dia 3, em Dourados.
De acordo com o delegado, o médico foi atacado no começo da manhã do dia 27 e encontrado somente sete dias depois. Porém, o estado de decomposição do corpo era incompatível com sete dias sem vida. Por isso a perícia concluiu que, antes de morrer, ele ficou agonizando por pelo menos dois dias com os pés e mãos amarrados sobre a cama onde foi localizado.
Ele estava com um par de meias na boca e a polícia não sabe se ele estava consciente durante este período, mas mesmo que estivesse, não teria conseguido gritar por socorro.
A polícia acredita que ele foi torturado para que revelasse a senha do celular e para isso usaram aparelho de aplicar choques, asfixiaram com sacola plástica, colocaram uma meia em sua boca e ainda introduziram um objeto cortante em sua garganta. E depois dessas torturas, acreditaram que ele estivesse morto e abandonaram a casa para a qual ele havia sido atraído, na periferia de Dourados.;
De acordo com o delegado, a trama do assassinato foi toda montada por Bruna Nathália de Paiva, de 29 anos, uma estelionatária de Minas Gerais que conhecia o médico bem antes do dia do crime. Ela, segundo a polícia, contratou três homens para executar o médico, que estaria pressionando para que ela quitasse uma dívida da ordem que R$ 500 mil que ela tinha com ele.
Como ela não queria pagar, contratou os três comparsas, veio de ônibus de Pará de Minas para Dourados, pagou R$ 50 mil em espécie para cada um para que cometessem o crime. Segundo o delegado Erasmo Cubas, que informou ainda não ter tomado o depoimento da mulher, ela saiu de Minas com um plano todo definido para matar Gabriel.
Já horas depois do crime, os quatro foram de Dourados a Campo Grande, compraram passagens aéreas e retornaram a Pará de Minas, que fica a cerca de 80 quilômetros de Belo Horizonte. Eles levaram o celular de Gabriel e começaram a extorquir familiares e amigos. Além de limparem uma das contas bancárias do médico, conseguiram que um conhecido fizesse um pix de R$ 22.500,00.
Mas foi justamente o celular que levou a polícia aos assassinos, pois antes mesmo que o corpo fosse localizado os investigadores já sabiam que o aparelho estava sendo usado em Minas Gerais desde o dia 30, o que levou à suspeita de que ele tivesse sido sequestrado.
Conforme a investigação, Bruna faz parte de uma quadrilha de estelionatários e aliciou Gabriel, enquanto ele ainda cursava Medicina, para aplicar golpes com cartões de crédito e para saque de benefícios de pessoas que já haviam morrido.
E por conta desta parceria criminosa, ela teriam acumulado uma dívida da ordem de R$ 500 mil e o médico estaria ameaçando dedurar toda a quadrilha de estelionatários caso ela não pagasse essa conta, conforme apurou a equipe do delegado Erasmo Cubas.
Além de Bruna, foram presos Gustavo Teixeira, 27 anos, Keven Rangel Barbosa, 22 anos, e Guilherme Augusto Santana, 34 anos, todos de Minas Gerais. A polícia ainda não detalhou a participação de cada um na trama, mas acredita que epanas dois deles tenham participado diretamente das torturas.
Durante a coletiva, o delegado Erasmo Cubas fez questão de destacar que Gabriel não cometeu nenhum crime relacionado à profissão de médico, mas enquanto era estudante participava dos estelionados em série e por isso tinha um crédito estimado em meio milhão de reais junto ao que ele acredita ser a chefe da quadrilha de estelionatários.
O delegado descartou, também, a possibilidade de o médico ter alguma ligação com o tráfico de drogas, embora tenha admitido a possibilidade de ele ter sido atraído ao imóvel onde foi morto por um integrante da quadrilha de estelionatários que estivesse na região para buscar drogas na região de fronteira com o Paraguai.
Os investigadores ainda não tem a dimensão do tamanho ou da abrengência dessa quadrilha de estelionatários e deixaram claro que essa será uma nova investigação e que possivelmente terá de ser conduzida pela polícia mineira, já que os "cabeças" do bando atuavam (ou atuam) a partir daquele estado.
Ainda de acordo com o delegado, por ter mente criminosa, Bruna em nenhum momento foi ao imóvel onde o corpo foi localizado, achando que desse modo praticaria o chamado crime perfeito.
Antes mesmo de chegar Dourados ela já alugou uma casa na Rua Monte Alegre, pelo período de apenas um dia, e outra casa, na Vila Ilda, por 15 dias. O plano já era deixar o corpo nesta casa na periferia e retornar loco após o assassinato para Minas Gerais, como realmente aconteceu.
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