O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu nesta quarta-feira, 18, à sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, para prestar depoimento. Ele havia sido intimado no âmbito do inquérito que investiga a atuação de empresários acusados de fomentar um golpe de Estado em um grupo de mensagens por aplicativo.
Durante a oitiva, Bolsonaro optou por não responder a nenhuma pergunta e apresentou seu depoimento por escrito.
"Objetivo do inquérito foi calar e censurar o senhor Luciano Hang, que tinha 10 milhões de seguidores. As eleições foram conduzidas com parcialidade no ano passado", disse para o jornal O Globo.
Conforme informações da PF, no celular de um dos empresários envolvidos, foi descoberta uma mensagem enviada em junho de 2022 a partir do contato "PR Bolsonaro 8". Nessa mensagem, "PR Bolsonaro 8" solicitava que o empresário Meyer Nigri repassasse "ao máximo" textos contendo acusações contra o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em agosto, Bolsonaro admitiu ter enviado para Meyer Nigri uma mensagem que sugeriu, sem apresentar provas, a ocorrência de fraude por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições de 2022.
"Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O [ministro do STF e então presidente do TSE Luís Roberto] Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021], eu sempre fui um defensor do voto impresso", disse o ex-presidente à Folha de S.Paulo.
A investigação faz parte de um inquérito no STF que visa apurar as ações das chamadas milícias digitais e ataques às instituições democráticas.
Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do caso, prorrogou o prazo para a conclusão das investigações pela PF, aumentando o tempo para a coleta de provas.
Moraes havia decidido pelo arquivamento da investigação contra seis empresários, mas manteve o inquérito em andamento que se refere a Meyer Nigri e Luciano Hang. Os empresários envolvidos negam qualquer crime.
|