A taxa de inadimplência da população do agronegócio sul-mato-grossense foi de 6,8% no terceiro trimestre deste ano, próximo à média do País, que foi de 6,7%. Em relação às outras unidades federativas do Centro-Oeste, MS tem a segunda menor taxa, atrás apenas de Goiás (6,7%). Em montante de dívidas negativadas, os produtores rurais de Mato Grosso do Sul devem R$ 500,7 milhões.
Entre todos os estados, o Rio Grande do Sul registrou a menor taxa de inadimplência (4,1%), enquanto o Amapá tem a maior inadimplência do setor (18%). Os dados são do primeiro Boletim Agro da Serasa Experian. Para ser considerada inadimplente, a pessoa tem de ter dívidas vencidas há mais de 180 dias e até 5 anos, somando pelo menos R$ 1 mil.
O estudo mostrou que a maior taxa de inadimplência em Mato Grosso do Sul é na categoria identificada como sem registro de cadastro rural (arrendatários ou grupo familiar).
Entre julho e setembro de 2023, a categoria registrou o maior porcentual de nomes no vermelho (11,6%). Na sequência, vêm os grandes proprietários (6,9%), seguidos dos pequenos (6%) e médios (5,2%).
De acordo com os dados históricos, a taxa de inadimplência no agro permaneceu relativamente estável até o último trimestre de 2021. No entanto, a partir do primeiro trimestre de 2022, a inadimplência do segmento apresentou um aumento expressivo, alcançando o maior nível da série histórica no trimestre anterior, com 7,7%.
“Esse crescimento da taxa de inadimplência do setor agropecuário ocorreu entre os pequenos e médios proprietários, mas foi impulsionado principalmente pela fração da população agro sem registro de cadastro rural [arrendatários]”, detalha o estudo da Serasa.
Entre os estados, o Rio Grande do Sul apresentou o maior montante de dívidas negativadas durante o último trimestre, com R$ 3,183 bilhões em contas atrasadas há mais de 180 dias. Enquanto o menor montante foi registrado em Roraima, com débitos que chegam a R$ 99,8 milhões.
Os produtores de Mato Grosso do Sul têm R$ 500,7 milhões em dívidas, ou 12,6 mil negativações. O valor médio devido pelos fazendeiros do Estado é de R$ 71,5 mil.
CRÉDITO RURAL
De acordo com os dados desse relatório, entre outubro de 2022 e setembro de 2023, o montante de crédito concedido à população rural chegou a R$ 386 bilhões em todo o Brasil. No último trimestre deste ano, foram registrados cerca de 343 mil novos contratos de crédito rural e agroindustrial destinados à população agro, totalizando quase R$ 65 bilhões.
No recorte regional, Mato Grosso do Sul registrou 7 mil contratos no terceiro trimestre do ano, totalizando R$ 4,068 bilhões em crédito rural contratados, com ticket médio de R$ 874 mil por CPF.
Entre os estados, Mato Grosso registrou o maior ticket médio de contratos de crédito rural e agroindustrial por CPF, de R$ 999 mil, bem como o maior ticket médio por contrato (R$ 750 mil). Já Mato Grosso do Sul registrou a maior média de contratos por CPF (1,51).
Os dados de crédito foram analisados com base em cerca de 9,5 milhões de donos de propriedades rurais e/ou aqueles que contrataram financiamentos rurais ou agroindustriais distribuídos entre o universo de pessoas físicas que autorizam o seu uso no Cadastro Positivo.
O Boletim Agro traz informações de 9,5 milhões de pessoas físicas relacionadas ao setor agropecuário em todo o País. Na classificação por porte dos proprietários, 72,4% da população agro é de pequeno porte, 14% sem registro, 8% de grande porte e 5,5% de médio porte.
Em Mato Grosso do Sul, a maior parte dos proprietários rurais também é pequena, o porcentual chega a 57,1%; seguido pelos grandes proprietários (20,2%); os sem registro ou arrendatários, 11,8%; e, por fim, os de médio porte (10,9%).
BOLETIM
O lançamento do Boletim Agro, traz ao mercado um consolidado com dados inéditos sobre diversos detalhamentos do cenário econômico-financeiro do agronegócio, com categorias específicas para o consumo de crédito rural, negativação, inadimplência e mais.
De acordo com o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, são três anos analisando o agro para a formatação do boletim.
“O principal diferencial desse relatório é sua riqueza de detalhes. Nele conseguiremos entregar informações gerais, mas também segmentadas por porte, faixa etária, linha de crédito, tempo de dívida, regiões agrícolas, unidades federativas, entre outras. É um verdadeiro ‘raios X financeiro’ do agronegócio no País”, comenta.
O relatório será atualizado e divulgado a cada três meses. “Essa ação está alinhada ao nosso compromisso de democratizar o acesso à informação sobre o setor do agronegócio, disseminando conhecimento para embasar análises críticas e a tomada de decisão por parte do mercado, por exemplo”, finaliza Pimenta.
SUZAN BENITES/CORREIO DO ESTADO
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