A renúncia de Ulisses Rocha da presidência do diretório municipal do MDB em Campo Grande para assumir o cargo de secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais (Segov) da Capital praticamente “implodiu” o já combalido partido no município.
Além disso, o fato de Ulisses Rocha preterir a presidência municipal do MDB para trabalhar ao lado do presidente estadual do PP, Marco Aurélio Santullo, na principal secretaria da administração da prefeita Adriane Lopes (PP) demonstra que o projeto de pré-candidatura do ex-governador André Puccinelli ao cargo de prefeito da Capital no pleito deste ano também naufragou.
Segundo o Correio do Estado apurou, a saída de Ulisses Rocha do MDB foi uma facada nas costas de André Puccinelli, pois, para que ele fosse reeleito presidente municipal da legenda em Campo Grande, o ex-governador teve de comprar uma briga com outras lideranças do partido.
O advogado era o homem de confiança de André Puccinelli no MDB de Campo Grande e para que Ulisses Rocha permanecesse à frente do partido no ano de eleições municipais foi preciso que o ex-governador promovesse uma verdadeira intervenção no diretório municipal da sigla na capital sul-mato-grossense.
Na época da convenção municipal do MDB, no início de junho do ano passado, Puccinelli, que é o presidente honorário da legenda em Mato Grosso do Sul, teve de intervir para impedir uma disputa ferrenha entre Ulisses Rocha, o vereador Dr. Jamal Salem e o chefe de gabinete do vereador Dr. Loester, Djalma Santana.
Inclusive, conforme apurou o Correio do Estado na ocasião, os ânimos entre os três postulantes ao cargo de presidente do diretório municipal do MDB em Campo Grande estavam acirrados e o resultado da eleição poderia resultar em um racha dentro do partido às vésperas das eleições municipais.
Para evitar a tempestade que estava se formando no principal reduto do MDB em Mato Grosso do Sul, o que, com certeza, afetaria até sua provável candidatura a prefeito da Capital neste ano, Puccinelli resolveu intervir e conseguiu apaziguar o ambiente.
Porém, mal sabia ele que, menos de um ano depois, o seu “homem de confiança” lhe apunhalaria pelas costas, trocando o cargo de presidente municipal do MDB para ocupar um cargo de secretário-adjunto na gestão de uma das suas principais adversárias na disputa pela Prefeitura de Campo Grande, a atual prefeita Adriane Lopes.
A notícia de que estaria deixando o diretório municipal do MDB para assumir um cargo na Segov caiu como uma bomba no partido e, principalmente, na cabeça de André Puccinelli, que teve de se indispor com a maioria das lideranças da legenda na Capital para manter a presidência nas mãos de seu pupilo.
No entanto, conforme fontes ouvidas pelo Correio do Estado, a saída de Ulisses Rocha foi motivada pelo fato de que o ex-governador não deve mesmo sair candidato a prefeito, afundando ainda mais o MDB em Campo Grande, onde o partido tem apenas dois vereadores e, sem uma candidatura própria à prefeitura, corre o risco de nem manter essas duas cadeiras para 2025.
Temendo por seu futuro político, o advogado preferiu aceitar o convite do PP para ocupar um cargo na gestão de Adriane Lopes, deixando para trás sua história no MDB, mas abrindo um leque de opções políticas.
Na prática, Ulisses Rocha é mais um dos ex-pupilos de André Puccinelli que saem de debaixo de suas asas para tentar voo solo, como fizeram o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), a ex-vice-governador e atual ministra Simone Tebet (MDB), o ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD), o ex-prefeito e atual senador Nelsinho Trad (PSD) e a ex-ministra e atual senadora Tereza Cristina (PP).
Procurado pela reportagem, Ulisses Rocha explicou que sua saída do MDB é uma decisão pessoal. “Há alguns meses já vinha conversando com a senadora Tereza Cristina, que me convidou para fazer parte do projeto político dela em Campo Grande e decidi aceitar”, informou.
Ele completou que, também há algum tempo, já conversou com o ex-governador André Puccinelli e com o presidente estadual do MDB, o ex-senador Waldemir Moka, sobre a decisão de trocar o partido para se filiar ao PP.
“Há algum tempo eu já estava costurando essa saída do MDB, e as principais lideranças do partido estavam cientes disso, portanto, não foram pegas de surpresa”, assegurou Ulisses Rocha, completando que ainda não assinou a ficha de filiação no PP.
Daniel Pedra
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