A capacidade de abate de carne bovina que pode ser enviado para a China quintuplicou em Mato Grosso do Sul com a ampliação do número de frigoríficos habilitados a exportarem para o país asiático.
A capacidade passou de 11% para 57%, em números, o Estado tinha potencial de abater 467 mil cabeças de gado por ano para enviar aos chineses, e passa a um volume de 2,3 milhões anuais.
Durante coletiva de imprensa, realizada ontem e transmitida pelos canais oficiais do governo federal, o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Roberto Perosa, afirmou que a ampliação das exportações sul-mato-grossenses motivaram a vinda do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Campo Grande hoje.
“Mato Grosso do Sul antes tinha, do seu rebanho e dos seus frigorificos “sifados”, 11% de capacidade do abate para ser exportado para a China. Isso [porcentual] está passando para 57%. Isso é um incremento gigantesco nas possibilidades de exportação do MS, e por isso também ele foi o Estado que mais cresceu. Acho que por isso da escolha da gente ir para o Mato Grosso do Sul, fazer esse ato e vai gerar com certeza muitas divisas e mudar o perfil da pecuária no Estado”, afimou Perosa.
Para ressaltar a importância dessa ampliação das exportações de carne para a China, o presidente Lula acompanha, nesta sexta-feira, a finalização do primeiro lote para embarque de carne para o país asiático a partir das plantas recém-habilitadas.
A carne será despachada a partir da unidade da JBS localizada na saída para Sidrolândia (MS). O evento será a partir das 10h (horário local) e o presidente estará acompanhado do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet.
O Estado foi o que mais se beneficiou das novas habilitações entre todas as unidades da federação.
“Desde o início de 2023, estamos dedicando todas as forças para trazer os maiores resultados para o Brasil, que tem cultura majoritariamente exportadora. Esse resultado, inequivocamente, gera desenvolvimento e renda para o nosso País. Nós vivemos um momento ímpar e único”, afirma secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Carlos Goulart.
As duas unidades da JBS de Campo Grande, junto a Marfrig em Bataguassu, a Boibras em São Gabriel do Oeste, e a JBS de Naviraí, são algumas das 38 habilitadas pela China em 12 de março.
Entre elas, 24 são de processamento de bovinos, oito de frangos, além de um de termoprocessamento e cinco entrepostos. Antes da lista recente, o Brasil tinha 106 plantas habilitadas para a China, e passou a ter 144.
A expectativa é de que as novas habilitações incrementem R$ 10 bilhões na balança comercial brasileira ao longo de um ano.
“O mercado chinês é importante, porque é um mercado que tem muita demanda por alimento. O Brasil vem em uma busca frenetica pela abertura de novos mercados. No ano passado nós tivemos 78 novas aberturas, neste ano conseguimos mais mercados, chegando a uma marca de 105 acumulados do ano passado até este ano. Estamos em tratativa em um acordo do Mercosul com a União Europeia, além de outras negociações feitas mundo afora”, acrescentou Perosa.
EXPORTAÇÕES
Conforme adiantou o Correio do Estado na edição de 10 de abril, Mato Grosso do Sul registra aumento de 10% nas exportações de carne no primeiro trimestre do ano. Conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abeic), o Estado apresentou movimentação financeira de US$ 263 milhões com a exportação da proteína no três primeiros meses do ano.
Ainda de acordo com a Abeic, o cenário é resultado de 58,564 mil toneladas de carnes e derivados bovinos com origem local enviados para fora do País. O que resultou em um aumento de 10,73%, uma vez que de janeiro a março do ano passado foram 52,890 mil toneladas exportadas, ou seja, 5,674 mil toneladas a mais.
Em termos financeiros, houve um aumento de 10,63% na comparação com 2023, quando foram negociados US$ 238 milhões, ou seja, incremento de US$ 25 milhões.
“Este movimento de aumento nas exportações de carne bovina vem na esteira de uma competitividade mais forte dos nossos produtos no mercado internacional”, analisa o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Staney Barbosa Melo.
Melo ainda pontua, que o Estado tem os preços fortemente competitivos, tanto em termos de proteína animal como de grãos, isto porque houve boas safras e um momento do ciclo pecuário que evidencia uma maior oferta de animais prontos para o abate.
“Com preços mais baixos e oferta excedente, há este incentivo maior para as exportações que estamos vendo, o que é uma notícia positiva para o setor como um todo, diante das dificuldades que o agronegócio enfrenta, pois exportações mais aceleradas contribuem para escoar parte da produção excedente e equilibrar os preços internos no médio e longo prazo”, explica.
SÚZAN BENITES/CORREIO DO ESTADO
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