Durante visita à planta da JBS em Campo Grande nesta sexta-feira (12) para abrir as exportações de carne para a China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre pescaria, confundiu o Estado com ‘Mato Grosso', mas se corrigiu em seguida, e provocou o governador Eduardo Riedel (PSDB) a comprar terras para o povo Guarani em Dourados, distante 225 quilômetros de Campo Grande.
Ao final do discurso, o presidente lançou um desafio ao governador. “Vamos nós, juntos, comprar em sociedade uma terra pra salvar aqueles Guarani que vivem perto de Dourados. Quero lhe dizer que se você encontrar a terra, para que a gente recupere a terra daquele povo. O governo federal será parceiro”, comentou.
Riedel levantou e cumprimentou o presidente, que prosseguiu. “O que não dá é aquele povo ficar mendigando acesso à dignidade. Vamos dar àqueles indígenas, porque eles perderam a terra por falta de respeito a eles”.
Na abertura, Lula lembrou uma ocasião em que visitou o Estado para pescar com o ex-governador Zeca do PT. “Eu peguei um pacu de um quilo e meio e o Zeca disse que eu teria que devolver. Falei que não ia devolver, fiquei quatro dias tentando pegar um peixe, e sentei em cima do meu pacu. Queria comer. Mas ele me convenceu que a polícia ambiental ia pegar, e eu devolvi”, brincou.
O presidente agradeceu ao fundador da JBS, José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, pelos investimentos na produção de carne no país e destacou a presença da ministra do Planejamento, Simone Tebet, no governo federal. “É a terceira rival de eleição que tenho no meu governo e temos um ótimo diálogo”, apontou.
Para Lula, a exportação vai alegrar aos chineses e aos brasileiros, que estarão vendendo o produto e movimentando a economia. Também reforçou o pedido do presidente Sindicato dos Trabalhadores de Frigoríficos de Campo Grande e representante da CUT, Vilson Gregório, sobre reajuste. “Que a empresa saiba receber [esse pedido] sem fazer cara feia, com muita simpatia”. Também comentou sobre a greve e prometeu conversar com as categorias dos IFs, os Institutos Federais.
Ao cumprimentar o presidente da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), Gerson Claro (PP), acabou chamando o Estado de ‘Mato Grosso', corrigindo imediatamente o nome.
Por fim, conversou com os presentes sobre as relações humanas, que estão desgastadas com a presença da internet. “O casal acorda e nem se fala mais, vai direto para o celular. Antes de dormir, não conversa com os filhos, e eles não pedem a ‘benção' mais”. E alfinetou. “Não é possível mais você condenar um país por causa de mentira. A mentira tem perna curta. Uma hora ela aparece”.
Exportações de MS
A JBS anunciou nesta sexta-feira (12), durante visita do presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vai duplicar a unidade II de Campo Grande, dobrando a capacidade de produção e a quantidade de trabalhadores em um ano. Para isso, a empresa deve investir R$ 150 milhões para transformar a unidade na maior planta de carne bovina de toda a América Latina.
A partir do investimento na unidade recém-habilitada a exportar para a China, a fábrica terá capacidade diária para processar 4.400 animais, enquanto a quantidade de colaboradores vai saltar dos atuais 2.300 para 4.600. As duas unidades da JBS de Campo Grande e uma de Naviraí receberam autorização para exportar para a China em março.
“Operamos em muitos países ao redor do mundo e nenhum deles é hoje tão atrativo quanto o Brasil para se investir no agronegócio”, disse Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS.
Com as liberações, as unidades de produção de bovinos de Mato Grosso do Sul agora podem embarcar por um volume equivalente a 2,3 milhões de animais, acréscimo de 1,87 milhão. Antes, o número de exportação para a China alcançava um número equivalente a, no máximo, 467 mil cabeças. Considerando o share de processamento no Estado, o potencial de embarque para a China subiu de 11,4% para 57,1%.
Evelin Cáceres e Valesca Consolaro
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