Parte do dinheiro em espécie apreendido pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), cerca de R$ 800 mil, estava dividido entre as casas do então presidente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Francisco Cezário de Oliveira, e de Umberto Alves Pereira, sobrinho de Cezário e apontado como principal operador do esquema para desvio de R$ 6 milhões da entidade. Eles estão presos.
No último dia 21, quando a operação “Cartão Vermelho” saiu às ruas, foram apreendidos R$ 309.400 e US$ 21.800 (equivalente a R$ 113.600 na cotação do dólar comercial) na residência de Cezário, no Bairro Taveirópolis, em Campo Grande. A imagem divulgada pelo Gaeco mostra as cédulas espalhadas por todo o tampo de vidro de uma mesa.
“Enquanto no imóvel de Umberto Alves Pereira, principal operador do esquema, houve a apreensão de R$ 327.660”, aponta a investigação. O dinheiro apreendido foi colocado no sofá para registro da operação.
Para o Gaeco, a apreensão do dinheiro no dia da operação mostra a contemporaneidade, ou seja, que o esquema de desvio seguia em plena atividade.
“Impende registrar que durante o cumprimento das buscas foram apreendidos mais de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais) em espécie, a confirmar que o esquema continuava em pleno funcionamento até os dias atuais”.
Segundo a apuração, então presiente da FFMS desponta como líder de organização criminosa, que atuava em peculato sistêmico voltado à obtenção de vantagens patrimoniais indevidas.
A defesa de Cezário aponta que o dinheiro apreendido em sua residência se tratava de economias, sem relação com crime.
“Fruto do trabalho dele, de economias particulares. Não é crime pela legislação brasileira manter dinheiro guardado em casa. Ele se compromete de apresentar provas de que esse dinheiro é fruto de atividade lícita, no momento oportuno, porque agora ele não tem como provar nada, está preso”, afirmou o advogado André Borges, na última terça-feira.
A defesa de Umberto informa que ainda não houve o oferecimento de denúncia. “Iremos nos manifestar no processo quando for o momento processual adequado”, afirma o advogado Guilherme Delmondes.
“Nem tudo aquilo que é asseverado pelo órgão acusador, caracteriza verdade irrefutável, tratando-se de opinião unilateral de quem conduz procedimento investigatório e que padece da necessária submissão ao contraditório, um dos pilares norteadores do sistema processual penal”, informou em nota enviada à imprensa.
Para o Gaeco, a prisão de Rudson deve ser mantida, apesar de não ter sido apreendido dinheiro em sua residência.
“Ainda que alegue ser inocente, certo é que o exame aprofundado de provas deverá ser realizado durante a instrução processual”. Os promotores destacam diálogo entre Rudson e Umberto no dia 21 de abril do ano passado.
A suspeita é de que estariam “encaixando valores” para ficarem com R$ 10 mil. A prestação de contas era sobre dinheiro recebido da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para custos operacionais do futebol feminino.
“Depreende-se do diálogo que Umberto Alves e Rudson iriam pegar recibos de serviços que possam ser pagos com o valor (arbitragem, gandula, ambulância) para a prestação de contas, eles estariam encaixando valores para ficarem com o valor de dez mil reais”.
Balcão de negócios - O Gaeco alega que as prisões precisam ser mantidas. “Sem dúvida, a liberdade do requerente representa risco à ordem pública, uma vez que o esquema montado para obtenção de vantagens indevidas, em níveis surpreendentes, transformou a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, que é destinatária de muito dinheiro público, em uma espécie balcão de negócios, impondo-se a prisão preventiva para debelá-lo, sob pena de deterioração progressiva do quadro criminoso”.
De acordo com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a ofensiva desbaratou organização criminosa voltada à prática de peculato e delitos correlatos na federação que comanda o futebol no Estado. Foram 20 meses de investigação.
“Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul – FFMS, em valores não superiores a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema”, informa a nota da promotoria.
Nessa modalidade, verificou-se mais de 1.200 saques, que ultrapassaram o total de R$ 3 milhões. O grupo também contava com esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.
Por Aline dos Santos - CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
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