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29/06/2024 - 08:46
Pantanal está com carta branca da União para combate a incêndios florestais
Foto: Divulgação
Em visita à Corumbá, as ministras Marina Silva do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e Simone Tebet do Planejamento e Orçamento, garantiram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu “carta branca” para os gastos destinados ao combate dos incêndios florestais no Pantanal sul-mato-grossense.
 
 
“Aqui eu trago uma mensagem do presidente Lula, de que não faltará recursos e nem orçamento, ainda que com crédito extraordinário, para ter mais efetivo, brigadistas, aeronaves e veículos para que possamos combater estes incêndios”, disse Simone.
 
Através do governo federal já foram liberados R$ 100 milhões de verba com destino ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis (Ibama) e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgãos que ajudam no combate aos incêndios no bioma.
 
Nesta semana também foi enviado para o Pantanal sul-mato-grossense a aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), KC-390 Millennium, com capacidade de armazenar 12 mil litros. Esta é a primeira vez que esta aeronave será utilizada para o combate a incêndios no Pantanal. A princípio, a aeronave ficará em Mato Grosso do Sul até o dia 7 de julho.
 
A União também anunciou o reforço de 82 militares da Força Nacional para os combates aos incêndios florestais no bioma.
A estrutura que desembarcou em Corumbá junto à Força Nacional conta com 27 viaturas, sendo duas de grande porte, caminhão carregado com material de combate a incêndio. Todo o emprego dos militares nas ações será definido pelo Sistema de Controle de Incidentes.
 
Já o governo do Estado, desde o início da Operação Pantanal 2024, em 2 de abril, mobilizou 415 bombeiros militares de Mato Grosso do Sul para o bioma e estão sendo usadas sete aeronaves no combate, incluindo helicópteros da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e aeronaves Airtractor. Além disto, há bombeiros do Estado em 13 bases avançadas espalhadas pelo Pantanal.
 
Na coletiva que também teve a presença do governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), e do secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruk, a ministra Marina Silva falou sobre as principais causas que levaram o Pantanal a sofrer com as chamas no mês de junho.
 
“Os incêndios que estão acontecendo agora têm uma junção perversa, mudança do clima, escassez hídrica severa, e desmatamento com uso de fogo”, declarou Marina.
 
Em Corumbá, de acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos (Cemtec), não chove a 73 dias. E como já noticiado pelo Correio do Estado, o relatório do MapBiomas demonstra que desde o ano passado a região pantaneira enfrenta uma grave redução hídrica, agravada pelas mudanças climáticas. O Pantanal é o bioma brasileiro que mais secou no país, e Mato Grosso do Sul foi o estado que mais perdeu água na superfície nos últimos 38 anos. 
 
De acordo com Marina Silva, 85% dos incêndios que estão acontecendo no Pantanal são dentro de áreas privadas.
 
“Os municípios que mais desmataram são os que mais têm incêndio, no caso de Corumbá, no ano passado tivemos o aumento de 50% dos desmatamentos”, disse a ministra do Meio Ambiente.
 
FOGO CRIMINOSO
Em seus discursos, as ministras destacaram a ação do homem na propagação dos incêndios no Pantanal, inclusive citando exemplos já investigados sobre os pontos geradores das chamas no bioma.
 
“Nós temos uma situação que é uma sangria totalmente desatada, que é atear fogo no Pantanal, seja para renovação de pastagem, por desmatamento, ou até mesmo uma atividade que as pessoas estão fazendo, e que sai de controle. O governador mencionou de um caso de uma pessoa que estava fazendo captura de abelhas, usou a fumaça e o fogo se alastrou. Mas isto é um caso isolado, a maioria está acontecendo por ações dolosas ou culposas”, informou Marina.
 
A ministra também disse que os governos federal e estadual já têm um levantamento sobre a origem do fogo no Pantanal de Corumbá, e como ele se alastrou, o que deve ajudar a identificar os culpados para que haja a responsabilização.
 
Simone Tebet também citou em sua fala a Lei do Pantanal, e as possíveis respostas a criação da lei, através de incêndios criminosos.
 
“Ouso dizer que deve ser investigado, que quando foi aprovada a lei do Pantanal, muitos falaram, agora de repente é hora de passar a boiada e colocar fogo, porque daqui a pouco vem uma fiscalização mais rígida”, descreveu.
 
De acordo com o governo do Estado, existe um trabalho integrado e intensificado entre o Executivo e o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) para fiscalizar as causas e pontos iniciais dos incêndios florestais no Pantanal e no restante do Estado. 
 
O trabalho também conta com o apoio em campo da Polícia Militar Ambiental (PMA), tanto por terra, como no auxílio de aeronaves.
 
O Núcleo de Geotecnologias (Nugeo) do Ministério Público já identificou 18 pontos de ignição, que geraram aproximadamente 56.631,68 hectares de incêndios florestais ocorridos entre os dias 10 de maio e 23 de junho, na região do Pantanal, que serão investigados.
 
 
Judson Marinho/Correio do Estado
    
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