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Polícia |
10/09/2009 - 06:31 |
Policiais e empresários associados para roubar |
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Foto: Divulgação |
O Dia |
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Rio - A Polícia Federal (PF) desarticulou ontem um megaesquema de roubos a bancos e a cargas que envolvia 16 policiais civis e militares e empresários das regiões dos Lagos e Serrana. Ao todo, 42 pessoas foram presas, entre elas 10 PMs e cinco policiais civis. Um inspetor continua foragido. Segundo a PF, de março a agosto, quadrilha chegou a roubar oito caminhões com cargas avaliadas entre R$ 300 mil e R$ 1 milhão. De acordo com delegado Elias Escobar, chefe da PF de Macaé, os carregamentos mais visados pelo grupo eram os de carne. A investigações indicam que a carga roubada era desviada para um frigorífico na Região Serrana.
Durante a investigação da Operação Roubo S/A — iniciada em 6 dezembro de 2007, após o roubo de R$ 140 mil em uma agência da Caixa Econômica Federal, em Friburgo —, os policiais descobriram que o grupo era dividido em três quadrilhas que agiam separadamente há mais de quatro anos, mas que em comum tinham o envolvimento dos mesmos policiais. Os nomes dos acusados não foram divulgados pela PF.
Pelo menos três policiais que atuavam no roubo de cargas também participavam de ataques a bancos, realizavam fraudes bancárias e extorquiam dinheiro de comerciantes. “A participação dos policiais nas quadrilhas visava a garantir o sucesso da empreitada criminosa. Atuavam no planejamento, segurança e fornecimento de armas para o grupo”, explicou o promotor Paulo Wunder, Coordenador de Segurança e Inteligência do Ministério Público Estadual.
Segundo o delegado Sérgio Sadão Mori, que coordenou a operação, o dono do frigorífico era o mentor do grupo que cometia os roubos de cargas. “Em um dos episódios, cerca de 10 homens roubaram um caminhão que transportava carnes em Queluz, município de São Paulo, e levaram o carregamento até São Sebastião do Alto, onde fica a empresa. Tudo isso com a escolta de policiais. Ora os policiais atuavam nos assaltos, ora só garantiam a segurança da mercadoria”, disse.
Ainda segundo a PF, os carregamentos de café eram roubados para abastecer uma distribuidora do grão, em Friburgo. Já os laticínios e remédios eram distribuídos no comércio da Região dos Lagos e de Macaé. Em alguns casos os policiais chegaram a coagir comerciantes de Friburgo a comprar as mercadorias. Os roubos ocorriam na BR-101 (Rio-Campos) e na Via Dutra (Rio-São Paulo).
De acordo com a PF, a quadrilha de roubos a bancos era comandada por dois cabos do 11º BPM (Nova Friburgo). Um deles morava em uma casa de quatro andares, naquela cidade. Agentes federais e policiais da Corregedoria da PM cercaram o local por volta das 6h, quando o cabo ainda dormia. No quintal do imóvel havia uma piscina com cascata artificial. A casa era decorada com objetos luxuosos, tinha pelo menos quatro TVs de plasma e banheira de hidromassagem. No local os policiais também apreenderam várias caixas fechadas de remédios e laticínios. “Não compactuamos com essas ações. Lamentamos a participação de policiais civis e militares, que são pagos para proteger a sociedade e não para agir contra ela”, disse o subsecretário de Inteligência, delegado Rivaldo Barbosa.
Integrantes das quadrilhas também são acusados de estelionato. De acordo com o delegado Sérgio Sadao, foi possível encontrar depósitos bancários em nome de terceiros, o que caracteriza a lavagem de dinheiro. Algumas empresas de fachada também eram usadas no esquema. Todos os presos vão responder por lavagem de dinheiro, extorsão, estelionato, formação de quadrilha, receptação, ameaça e roubo de carga, entre outros crimes. A polícia investiga ainda a hipótese de homicídios contra contra testemunhas.
Buscas dentro de batalhões e delegacias
A ação de ontem mobilizou 400 policiais militares, civis, federais e agentes do Ministério Público Estadual, com objetivo cumprir 58 mandados de prisão preventiva e 58 de busca e apreensão no Rio, Niterói, Nova Friburgo, Macaé, Duque de Caxias, Guapimirim, São Sebastião do Alto, São João de Meriti, São Gonçalo, Teresópolis, Itaguaí, Campos, Cachoeiras de Macacu e no município mineiro de Além Paraíba.
Ao todo 55 pessoas foram acusadas pela Polícia Federal, mas há 58 mandados, porque há prisões decretadas contra as mesmas pessoas tanto pela Justiça Estadual como pela Justiça Federal. Treze pessoas ainda estavam foragidas até a noite de ontem. Os policiais também fizeram buscas em duas delegacias (Polinter e 151ª DP) e dois batalhões de Polícia Militar (11º BPM e o de Polícia Rodoviária Estadual — BPRV).
Cinco policiais civis lotados na delegacia de Nova Friburgo foram presos. Um deles é irmão do delegado titular. Dos 10 PMs presos, sete eram do 11º BPM e três do BPRV. Na casa de um policial civil no Méier, foram encontrados 12 armas, 17 carregadores, munição para fuzil e pistola, 11 celulares e documentos de identidade e carteiras de motorista em nome de outras pessoas.
COMO O BANDO AGIA
CARGAS Ataques geralmente aconteciam à noite. Segundo a PF, o grupo rendia os caminhoneiros em postos de gasolina e desligava o rastreador do veículo. As abordagens ocorriam na BR-101 e na Dutra. As vítimas eram mantidas em um cativeiro até que toda a carga fosse descarregada ou até que o caminhão chegasse ao destino do roubo. Os caminhões que transportavam carnes eram os mais visados, mas os assaltantes também tinham interesse em cargas de café, laticínios e remédios. Após o roubo, policiais civis e militares escoltavam o carregamento até o destino. O grupo agia pelo menos uma vez por semana.
BANCOS Os roubos aconteciam de madrugada. Geralmente dez homens armados invadiam as agências e arrombavam os cofres. Para entrar no banco, os criminosos quebravam janelas ou abriam buracos nas paredes. A PF calcula que, de dezembro de 2007 a agosto de 2009, o grupo tenha assaltado 12agências do Bradesco, Caixa e Banco do Brasil. A média de cada roubo era de R$ 100 mil. |
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