O ex-aliado e mandante do assassinato da ex-prefeita de Mundo Novo, Dorcelina Folador, está de volta à prefeitura do município 25 anos após o crime.
Jusmar Martins da Silva foi nomeado como fiscal da Vigilância Sanitária Municipal pela atual chefe do Executivo da mesma cidade, Rosária de Fátima Ivantes Lucca Andrade (PSDB), na edição desta sexta-feira (7) do Diário Oficial do Município – um dia antes do Dia Internacional da Mulher.
O contrato começou a valer em 17 de fevereiro e é temporário. Encerrará em 30 de novembro deste ano.
A remuneração será de R$ 2.480,55 mensais. Segundo informações do portal da transparência da prefeitura, o cargo exige Ensino Médio completo. Jusmar começará na posição nível 1 da função, que tem o menor salário.
A reportagem questionou a prefeita Rosária sobre a contratação. Após a publicação desta matéria, ela esclareceu que o funcionário foi contratado no ano passado, em 19 de março, e desligado em 17 de fevereiro. Por ordem judicial, precisou ser recontratado.
O caso Dorcelina - A ex-prefeita era paranaense, mulher com espírito de liderança desde pequena e pessoa com deficiência. Virou ícone da luta pela igualdade no acesso à terra em Mato Grosso do Sul, foi ex-integrante do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra) e uma das fundadoras do PT (Partido dos Trabalhadores) em Mundo Novo.
Dorcelina foi morta na varanda da casa com seis tiros. O crime teve repercussão nacional.
Era a noite de 30 de outubro de 1999. Na época, ela cumpria o primeiro mandato como prefeita. Acumulava desafetos por tentar romper a ligação do poder público do município com o crime organizado na fronteira com o Paraguai.
Jusmar Martins da Silva era próximo de Dorcelina. Coordenou sua campanha eleitoral e foi nomeado secretário municipal de Agricultura e Pecuária, mas foi exonerado em pouco tempo. A Justiça o condenou a 18 anos de prisão em 2003 por ser o mandante do assassinato brutal.
Quem atirou contra Dorcelina foi o pistoleiro Getúlio Machado. Ele também foi condenado a 18 anos de prisão.
Ao todo, seis pessoas teriam que cumprir 72 anos de pena pela morte da ex-prefeita. Mas, 10 anos após o crime, decisão polêmica do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul soltou os envolvidos
Cassia Modena/Campograndenews
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