Após contribuir decisivamente para a eleição de Eduardo Riedel ao governo de Mato Grosso do Sul em 2022, o Partido dos Trabalhadores (PT) anunciou sua saída da base de sustentação na Assembleia Legislativa. A legenda promete agora uma oposição crítica, responsável e alinhada aos interesses da população sul-mato-grossense.

Segundo os parlamentares petistas, o apoio ao atual governador foi estratégico para evitar a vitória de Capitão Contar no segundo turno. A deputada estadual Gleice Jane explicou que a decisão de apoiar Riedel visava impedir um cenário considerado mais desfavorável. “Entendíamos que o Contar seria muito pior. O PT fez essa opção no processo eleitoral, mas nunca teve compromisso de não fazer oposição. A legenda buscou uma posição independente, mesmo ocupando secretarias na gestão”, afirmou.

Gleice também destacou o papel do partido na articulação entre o governo estadual e o governo federal. “A permanência do PT ajudou muito na transição e na construção de pontes que trouxeram políticas federais para o Estado”, disse.

O deputado Pedro Kemp ressaltou que os quadros petistas na administração estadual atuaram na implementação de políticas públicas voltadas à agricultura familiar e aos direitos de cidadania, especialmente nas subsecretarias da Mulher, Igualdade Racial, Pessoa Idosa, Comunidade LGBT e Assuntos Comunitários. “São áreas onde nosso partido sempre teve compromisso em lutar ao lado dos segmentos mais vulnerabilizados da sociedade”, pontuou.

Já o presidente estadual do PT, deputado federal Vander Loubet, destacou os investimentos federais viabilizados pela interlocução entre o partido e o governo Riedel. “Foram mais de 3.600 moradias do Minha Casa Minha Vida e cerca de R$ 29 bilhões do Novo PAC em áreas como infraestrutura, saúde, educação, habitação, cultura, saneamento, transporte e segurança energética”, afirmou.

Vander também mencionou o financiamento de R$ 2,6 bilhões do BNDES para modernização das rodovias estaduais e a inclusão de trechos da BR-262 e BR-267 no pacote de concessão da Rota da Celulose. “Foi um gesto de pai pra filho por parte do presidente Lula em relação ao Riedel”, disse.

Apesar da saída da base, Vander garantiu que o compromisso com Mato Grosso do Sul permanece. “Eu, Camila Jara e nossos deputados estaduais seguiremos articulando recursos e ações em favor do estado e dos municípios”, afirmou.

Oposição sem radicalismo

Os parlamentares petistas reforçaram que a nova postura será marcada por responsabilidade. “Devemos deixar a base de sustentação do governo na Assembleia, fazendo uma oposição crítica e responsável, sem deixar de apoiar projetos de interesse da população, especialmente os mais vulneráveis”, disse Kemp.

Gleice Jane acredita que a nova conjuntura permitirá ampliar a atuação oposicionista. “Já venho fazendo essa oposição há algum tempo, ainda que isoladamente. Agora, passamos a um trabalho coletivo com base em um debate sério para o Estado”, afirmou.

Vander Loubet reforçou que os deputados estaduais Zeca do PT, Pedro Kemp e Gleice Jane farão uma oposição programática. “Nossos parlamentares têm responsabilidade com a população e jamais adotarão uma postura de birra ou oposição por oposição”, disse. Ele também garantiu que os mandatos federais seguirão abertos ao diálogo e à construção de projetos que atendam às demandas dos cidadãos de MS.

A reportagem tentou contato com o ex-governador e atual deputado Zeca do PT, mas não obteve retorno até o fechamento do texto.

E o que diz o governador?

A equipe do Midiamax também buscou posicionamento do governador Eduardo Riedel sobre as manifestações da bancada petista. Até o momento, não houve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.