Anésia Souza e o advogado Nivaldo Nogueira de Souza A viúva do advogado Nivaldo Nogueira de Souza, assassinado brutalmente por pistoleiros há exatamente um ano (23/03/2009) quebrou o silêncio e falou ao Hora da Notícia nesta terça-feira (23). Minutos antes de entrar em sala de aula na Universidade Anhanguera para fazer prova, uma vez que ela cursa direito na instituição. Anésia Souza se mostra indignada com o fato do inquérito policial não ter sido relatado e encaminhado ao judiciário, segundo ela a última vez que falou com o delgado Arivaldo Teixeira, quando era titular da delegacia de Costa Rica, ele havia prometido concluir o processo e encaminhar ao judiciário: “daqui a uns 40 dias com certeza eu fecho esse inquérito”, disse o delelgado para a viúva na época.
Anésia se dispôs a romper o silêncio e disse: “eu quero falar sim do descaso, do silêncio, da má informação. Não passam informação de nada para gente, eu gostaria de saber quando será relatado esse inquérito.
Ela acredita que o crime poderia ter sido resolvido de imediato: “todos os caminhos estavam abertos pra isso, mas no meu entendimento houve negligência, houve pouco caso sim, houve negligência sim”. Ela aponta negligência das autoridades do Estado e da própria classe dos advogados: “a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) poderia se empenhar no esclarecimento do crime não foi o primeiro advogado que morreu assassinado, acho que faltou a união dos advogados”, disse.
A entrevista na integra:
Hora da Notícia – A senhora quer falar sobre o assassinato do seu marido? O silêncio vem de onde?
Anésia – eu quero falar sim, eu quero falar do descaso do silêncio, da má informação. Não passam informação de nada pra gente.
Hora da Notícia – Esse silêncio vem de onde?
Anésia - Vem de todas as partes, depois que o delegado saiu daí então piorou, ficou por isso mesmo. Eu não sei, o inquérito ficou parado, a informação que eu tinha do delegado é que ele iria entregar esse inquérito para o promotoria, mas o que eu li na reportagem do Hora da Notícia é que ele não entregou. Teve um dia que eu liguei para o delegado para conversar, ele ficou de me retornar a ligação, mas não retornou e ficou desse jeito. Agora eu não sei como vai ficar essa história.
Hora da Notícia – A família não promoveu nenhuma manifestação no sentido de cobrar das autoridades o esclarecimento do crime?
Anésia – Não fiz nenhuma manifestação por estar confiante no trabalho do delegado, todas as vezes que eu ia a Costa Rica ele me recebia, a gente conversava a respeito do crime, ele nunca deixou dúvidas de nada, ele sempre me informou tudo que estava acontecendo, ele dizia assim: “daqui 40 dias com certeza eu já fecho esse inquérito”. Eu fui confiando no trabalho dele, ele disse quanto mais agente trabalhar em conjunto, sem alarde, melhor. Eu também concordei com ele, a família também concordou, minha cunhada, meu sogro, minha sogra, nos ficamos acreditando que haveria uma justiça no final, agente não queria era atrapalhar, agora eu fiquei decepcionada, arrasada, chorei muito quando eu sobe que o delegado foi embora e o inquérito ficou parado nem se quer deu uma satisfação pra nós. Eu tava confiante nesse trabalho, foi por isso que agente não se manifestou em nada, mas só que agora eu vou começar me manifestar eu estou me preparando aqui na faculdade, to adiantando prova, vou fazer de tudo agora, eu vou começar a manifestar, não vou mais ficar calada, tem que haver uma resposta.
Hora da Noticia - O inquérito está concluído, falta relatar e encaminhar para o poder judiciário. A senhora pretende cobrar a OAB da Secretario de Segurança do Estado? Anésia - Eu estou me preparando para cobrar das autoridades, mas só que eu quero ter coerência, não quero falar besteira, quero ser bem orientada, eu quero mesmo correr atrás, mas só eu. Não quero falar besteira e fazer besteira no auge da emoção não é bom a gente fazer nada, tem que fazer dentro da lei, da coerência e saber o que está ocorrendo o que está faltando pelo menos para terminar esse inquérito. Eu preciso pelo menos ter a orientação de um profissional da área para não ficar jogando conversa fora, você pode ter certeza que eu estou me preparando e estou contando com apoio da família do Nivaldo.
Hora da Notícia – Como à senhora define esse crime?
Anésia – Foi um crime que poderia ter sido resolvido de imediato, todos os caminhos estavam abertos pra isso, mas no meu entendimento houve negligência, houve pouco caso sim, houve negligência sim, houve uma manifestação calorosa sabe, depois fico só mais um crime, e daí ficou por isso mesmo. Eu estava confiante no Dr. Arivaldo, agora já que ele mudou, foi embora, eu estou de mão atada, vou ter que recomeçar?!
Hora da Noticia - Essa negligência vem de quem? E quais autoridades a senhora citariam?
Anésia – A negligência vem das autoridades do Estado, da própria classe dos advogados. A OAB poderia se empenhar no esclarecimento do crime, não foi o primeiro advogado que morreu assassinado acho que faltou a união dos advogado e ir atrás, ter boa vontade mesmo, acho que faltou foi a união da classe. Eu tenho certeza que se fosse um taxista, um faxineiro que tivesse sido assassinado eu acho que a classe iria atrás e não iria ficaria assim do jeito que ficou.
Hora da Notícia – A senhora acha que o Dr. Arivaldo não fez o trabalho de investigação?
Anésia – Eu acho que ele fez o Maximo, eu confiava nele cegamente, eu dei o maior apoio pra ele por isso quando ele me chamou pra gente conversar, todas as vezes ele me recebeu muito bem, me deu algumas orientações. Eu acho que ele foi assim muito competente.
Hora da Notícia – Como à senhora está acompanhando esse inquérito?
Anésia – Estou acompanhando o inquérito policial pelo Hora da Notícia. Antes eu ligava para o delegado, quando eu tenho oportunidade de ir para Costa Rica eu converso com o Dr. Roberto Rodrigues, é assim que eu estou acompanhado.
Hora da Notícia – A senhora nunca foi à delegacia para saber o andamento do inquérito?
Anésia – Nossa, direto. Eu nunca faltei na delegacia.
Hora da Notícia – Agora a senhora vai cobrar da OAB e da Secretaria de Segurança o esclarecimento do crime?
Anésia – Eu estou me preparando aqui justamente pra isso. Eu vou me juntar com a família do Nivaldo e a gente vai cobrar isso sim, não podemos ficar parados esperando, nos vamos nos juntar sim, nós vamos atrás sim.
Hora da Notícia – Sobre a missa celerada no local do crime?
Anésia – Eu achei maravilhoso, isso ai já é um ato e cobra como manifestação pública às autoridades.
Hora da Notícia – A senhora gostaria de colocar mais alguma coisa?
Anésia – Que os amigos do meu marido não desistam, que eles continuem fazendo orações, que eles continuem do meu lado, se Deus quiser esse crime não vai ficar impune. Não importa o que eu vá fazer, mas não vai ficar impune. Não é justo, eu estou confiante. Se a família se cala a justiça também se cala. A família tem que falar para a justiça falar junto, eu fiquei receosa agindo com coerência, mas de repente eu vi que precisamos agir, a morte dele, não vai ficar em vão, que ele seja um símbolo de justiça para que não morra mais advogado como qualquer. É preciso parar com execuções ainda mais em uma cidade pequena como Costa Rica. Hora da Notícia
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