O jornalista Agnaldo Gonçalves, que matou o menino Rogério Pedra Neto, de 2 anos, durante uma discussão de trânsito com o tio da criança, Aldemir Pedra Neto, no dia 18 de novembro do ano passado, teve sua prisão preventiva decretada na sexta-feira pelo juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Carlos Garcete. O jornalista já havia sido preso no dia do crime e ficou detido por 80 dias e foi libertado no dia 8 de fevereiro.
Segundo o advogado do jornalista, Valdir Custódio, a prisão de Agnaldo foi decretada porque ele se mudou para Praia Grande (SP) no dia 24 de maio. O jornalista não compareceu hoje à audiência das testemunhas arroladas pela defesa. A Polinter (Delegacia de Polícia Interestadual) já foi informada sobre o pedido de prisão preventiva.
Ao todo, foram arroladas oito testemunhas, sendo que quatro compareceram à audiência. Uma das testemunhas, o desembargador Julio Roberto Siqueira Cardoso, questionou, após o seu depoimento, a presença de familiares de Rogerinho vestidos com camisetas com a foto da vítima.
De acordo com Cardoso, isso é uma forma de exercer pressão contra o réu. Segundo o Ministério Público, representado pela promotora Luciana Rabelo, e o assistente de defesa, advogado Ricardo Trad, o não comparecimento do jornalista à audiência é um descaso e falta de respeito com a Justiça. Eles alegaram que, mesmo tendo mudado para São Paulo, isso não justifica a falta do jornalista.
A pedido do advogado de defesa, Valdir Custódio, a próxima audiência ocorrerá no dia 21 de junho com as quatro testemunhas arroladas que não compareceram à audiência de hoje. Custódio também afirmou que vai entrar com Habeas-Corpus que será analisado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Revolta Na manhã de hoje, momentos antes da audiência, entre 40 e 50 familiares e amigos de Rogério Pedra Neto, de 2 anos, estiveram presentes no Fórum Heitor Medeiros e realizaram um protesto com faixas e camisetas pedindo justiça pela morte do menino. A audiência foi acompanhada pela mãe de Rogerinho, Ariana Mendonça Pedra da Silva, além de mais sete familiares do menino.
O crime De acordo com a denúncia do Ministério Público, Agnaldo Ferreira, que conduzia um Fox, teria começado a discutir com Aldemir Pedra, 22, que dirigia uma caminhonete L-200 e transportava no veículo seu pai, João, e os sobrinhos Rogério, de 2 anos e Ana, de 5, na esquina da avenida Ernesto Geisel com a avenida Mato Grosso. O bate-boca teria iniciado às 10h40 minutos do dia 18 de novembro.
O rapaz teria demorado a arrancar a caminhonete no sinal verde. Daí em diante, os dois trocaram insultos, até a Avenida Mato Grosso perto da Rua Rui Barbosa, onde ocorreu a tragédia. Note esse trecho da denúncia que indica como começaram as provocações: “Assim, ao perceber que o sinal estava aberto, a vítima [Aldemir] arrancou com o veículo, trafegando pela pista da direita da Avenida Mato Grosso, sentido bairro-centro, momento em que o denunciado [jornalista] emparelhou seu veículo com o veículo da vítima, dizendo: “Você é lerdo, presta atenção no trânsito”.
No que a vítima retrucou, dizendo: “Presta atenção você, estou com duas crianças dentro do carro”. Ainda segundo a denúncia, Agnaldo Ferreira teria dito ao rapaz que era jornalista e que “tinha a polícia nas mãos”. A versão do denunciado é outra e diz que o condutor da caminhonete foi quem teria insuflado a discussão. (ver em notícias relacionadas, logo abaixo).
Afirma a denúncia que na avenida Mato Grosso com a rua Rui Barbosa, quando os carros ficaram emparelhados no sinaleiro, o jornalista sacou um revólver de calibre 38 e disparou contra a caminhonete. Os tiros acertaram Rogério e João. O menino, sentando no banco de trás da caminhonete, ao lado da irmão, que nada sofreu, levou um tiro na região do pescoço e morreu no final da tarde. João, foi ferido no rosto, mas sobreviveu. Dali, Agnaldo Ferreira seguiu até a delegacia e quis registrar o caso como briga de trânsito e acabou preso. Ainda segundo a denúncia, o jornalista, antes de atirar na caminhonete, sabia que nela havia duas crianças.
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