Policiais federais prenderam 19 pessoas nesta manhã acusadas de integrarem uma organização criminosa que fraudava a divisão de lotes que deveriam ser destinados ao programa da reforma agrária em Mato Grosso do Sul.
Entre os implicados no esquema aparece o superintendente do Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária), Waldir Cipriano do Nascimento, justamente o chefe do órgão que fiscaliza as irregularidades contra o instituto. Lideres de movimentos sindicais ligados aos trabalhadores sem-terra engrossam a lista dos detidos.
Resta prender ainda um membro da quadrilha, segundo a PF que, ao menos nesta manhã não havia divulgado a identidade de nenhum preso.
De acordo a PF, que comanda a operação Tellus – deusa da terra, segundo a mitologia romana – a investida contra a organização começou logo nas primeiras horas de hoje e envolveram 137 agentes e 51 viaturas.
Os policiais cumpriram 25 mandados de busca e apreensão e a prisão de 19 pessoas nas ciades de Campo Grande, Naviraí, Dourados, Itaquiraí, Ivinhema, Nova Andradina, Batayporã, Angélica e Cosmorama, esta última no interior de São Paulo.
De acordo com comunicado da PF, em 2007, o Incra comprou quatro fazendas do Complexo Santo Antônio, em Itaquiraí, área que custou R$ 130 milhões. À época, foram desapropriados 16.926 hectares, distribuídos em quatro PAs, os conhecidos projetos de Assentamentos, chamados de Santo Antônio, Itaquiraí, Caburei e Foz do Rio Amambai.
Em dezembro de 2008, afirma a PF, foi realizado o sorteio dos lotes. Segundo informado no Inquérito Policial, várias irregularidades ocorreram nesse sorteio, entre as quais eis algumas delas: 1 – os melhores lotes não foram sorteados, ficando reservados aos líderes dos movimentos sociais, havendo inclusive casos de lotes contíguos destinados a integrantes de uma mesma família; um dos líderes, inclusive, ocupa hoje a antiga sede da fazenda Santo Antônio; 2 – desrespeito ao cadastro prévio de acampados - a Relação de Beneficiários (RB) - com a distribuição de 497 lotes a pessoas não habilitadas e a desconsideração de 425 pessoas habilitadas e que não receberam lotes;
Posteriormente ao sorteio, diz a assessoria da PF, vem ocorrendo a venda de lotes, intermediada pelos líderes dos assentamentos e com a participação de servidores do Incra que formalizam a venda alterando os registros dos imóveis.
Dentre esses lotes ilegalmente negociados, diversos são usados como sítios de lazer, desvirtuando totalmente os objetivos da reforma agrária.
Outro lado O advogado Esacheu do Nascimento, irmão do superintendente do Incra, disse ter enxergado a prisão de Waldir Cipriano, como suspeita. Ele disse que o irmão tem "moralizado" o órgão e isso deve ter provocado descontentamento em setores do próprio Incra. Nascimento disse que os advogados de Cipriano, entre os quais João Eduardo, seu filho, prepara uma nota de esclarecimento.
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