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Esporte
23/10/2010 - 07:48
Roberto Rojas: “Eu sei como são os políticos. A briga é entre eles”
Foto: borges_luciano
Terra
“Eu sei como são os políticos. A briga é entre eles. Mas não me interesso muito. Não sei direito quem é a Dilma, o Serra e o que falou o presidente. Não me envolvo nisso” Esta foi a reação do ex-goleiro e atual treinador Roberto Rojas, ao ser perguntado sobre o que acha de ter seu nome envolvido no episódio mais recente da eleição presidencial no Brasil.

Morando em São Paulo, depois de treinar os goleiros do Sport Recife, El Condor (como é conhecido em seu país, Chile) está no mercado. Ele busca para uma equipe para treinar. Aos 53 anos, ele adotou o Brasil como seu país. Os filhos estudam e trabalham em São Paulo.

Nesta sexta-feira, em conversa com o Blog do Boleiro, Rojas disse que “soube por alto” que tinha sido citado pelo presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, e comparado ao candidato tucano José Serra depois que ele foi parar em um hospital do Rio de Janeiro. “Eu vi que o Lula falou alguma coisa, mas não tem problema não. Na hora, nem entendi muito”, disse.

Na última quinta-feira, Lula acusou Serra de ter fingido sentir um mal estar depois de ser atingido por uma bolinha de papel atirada por um manifestante em Campo Grande, no Rio de Janeiro. Daí a comparação com Rojas, que simulou um corte na testa durante a partida contra o Brasil, na eliminatórias da Copa do Mundo de 1989.

Naquele jogo, no estádio do Maracanã, Rojas entrou em campo com uma pequena lâmina afixada em uma das luvas. O Chile já perdia por 1 a 0, quando uma torcedora disparou um foguete sinalizador na direção do gramado. Ele caiu cerca de um metro atrás do goleiro. Rojas caiu, tirou a lâmina e fez um pequeno corte na testa.

Ele saiu de maca, levado pelos companheiros. O partida foi paralisada. Depois de investigações e dos depoimentos de atletas do selecionado chileno, ficou constatada a farsa. O Chile foi suspenso. Roberto Rojas, o zagueiro Fernando Astengo e o técnico Orlando Aravena foram punidos pela Fifa.

O então goleiro e maior ídolo do futebol chileno passou a vítima a vilão. Foi banido do futebol mundial. Não conseguia emprego no Chile. Só voltou a trabalhar no futebol a convite de Telê Santana (1931-2006), então técnico do São Paulo, onde Rojas jogou nos anos 80.

No clube brasileiro, ele se tornou preparador de goleiros e, em 2003, chegou a ser técnico e levou o time à disputa da Copa Libertadores da América depois de 10 anos.

Em 2001, Roberto Rojas foi anistiado pela Fifa. Até hoje, é procurado esporadicamente para falar sobre o incidente do Maracanã. “Eu converso sobre este assunto numa boa. É um episódio que já passou”, afirmou.

Rojas explicou que a decisão de tentar para a partida contra o Brasil e levar o jogo para um campo neutro, tinha sido tomada por ele e o treinador Aravena.

Numa entrevista 10 anos atrás ao diário Gazeta Esportiva, ele afirmou que o time sabia como seria difícil conseguir uma vaga no Mundial de 90, na Itália. “Fiz isso por patriotismo. Claro que errei e não faria de novo. Mas naquele clima da época, foi o que fiz”, falou.

As declarações do presidente Lula, ligando Serra a Rojas, foi feita antes da exibição de imagens um rolo de fita adesiva atingindo a cabeça do candidato tucano, minutos depois da bolinha de papel.

Rojas reagiu de forma tranquilo a esta história. “Não dei muita importância. Não fico chateado. Isso é briga de políticos e não me interesso sobre este assunto”.

    
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