Esquerda: gerador manual com gambiarra. Direita: equipamento automático. Abaixo: instruções de uso Defeitos em um equipamento podem deixar às escuras setores importantes do Hospital Regional Rosa Pedrossian em caso de falta de energia elétrica ou saturamento no consumo. O grupo gerador de acionamento automático - que deveria operar nestes casos - não está funcionando há pelo menos seis meses. Outro equipamento, de acionamento manual, substitui o defeituoso mas depende que um funcionário habilitado opere corretamente para restabelecer a energia no hospital de forma temporária.
A situação vem à tona dias após o Ministério Público do Trabalho ajuizar ação civil pública para apurar as condições de funcionamento em alguns setores da instituição. O procurador Odracir Juares Hecht apontou irregularidades graves, como a inexistência do plano de proteção radiológico, número insuficiente de técnicos em segurança do trabalho, falta de equipamentos de proteção individual, além de banheiros e vestiários usados pelos funcionários em condições insalubres.
O grupo gerador automático é um equipamento que supre a rede elétrica de alguns setores do hospital, como UTI neonatal, Centro Cirúrgico e CTIs adulto e pediátrico. Caso haja interrupção no fornecimento de energia por qualquer motivo - intempéries ou sobrecarga, por exemplo -, é preciso que o equipamento manual entre em operação. O improviso ainda fica por conta de uma "gambiarra" (fio branco na foto à esquerda), ao que tudo indica feita pelos próprios operadores, no sentido de evitar a interdição do grupo gerador manual.
No período compreendido entre a queda de energia e o acionamento do gerador manual, máquinas vitais aos pacientes ficariam desligadas. Pacientes em cirurgia ou entubados correriam até risco de morte caso o problema se prolongue por muito tempo.
A diretoria do HR foi procurada, por meio da assessoria de imprensa do governo estadual, para repercutir o assunto, mas até o momento da publicação da reportagem, não houve retorno. Novos e velhos problemas O Hospital Regional passa por uma sucessão de fatos com repercussão negativa. Em 22 de outubro, a diretoria anunciou aos funcionários o fechamento de leitos e a suspensão de cirurgias eletivas, alegando corte nas despesas - mas negou a decisão para a reportagem. Dias depois, um informe afixado nos murais do HR confirmava que os procedimentos cirúrgicos não emergenciais estavam suspensos e camas foram retiradas de vários setores.
O setor de radiologia foi o primeiro a entrar em colapso com os cortes. Quem procurava o HR em outubro para marcar exames de raio-x, ultrassonografia e tomografia tinha o procedimento agendado para datas posteriores, o que causava descontentamento entre alguns pacientes - em especial os que vinham do interior do Estado.
Questionado na sexta-feira (5) sobre as atuais condições do Hospital Regional, Puccinelli foi irônico e sugeriu que a reportagem fosse até o local fazer uma operação de coração e ver como está o atendimento. "Pode não ser às mil maravilhas, mas fazem muito mais que na época dos incompetentes faziam", irritou-se. Em relação à ação ajuizada pelo MPT, o governador tentou minimizar a gravidade do fato. “O Ministério Público do Trabalho cuida do trabalho, não tem que cuidar de hospital”, disparou.
Novamente perguntado nesta segunda-feira (8), durante a abertura de uma feira pecuária em Campo Grande, Puccinelli negou que houvesse crise no hospital. Ele rebateu afirmando que o HR está recebendo novas especialidades. "O hospital tem oncologia, hemodinâmica, cirurgia cardíaca e residência médica que antes não tinha e agora tem”, disse. |