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02/02/2011 - 20:38
"Não sei de onde veio o tiro", diz juíza sobre acusação de tratar mal as pessoas
Foto: Divulgação
CGrandenews
A juíza durante apresentação de programa de rádio.
A juíza durante apresentação de programa de rádio.
“Não sei de onde veio o tiro”. Com essa frase a juíza Luciane Buriasco definiu sua surpresa com a abertura de sindicância pela Corregedoria do TJ (Tribunal de Justiça) de Mato Grosso do Sul para investigar o comportamento dela, sob a alegação de que existem várias reclamações sobre desrespeito com funcionários, advogados e até pessoas que são partes em ações na comarca de Chapadão do Sul.

A primeira estranheza manifestada pela juíza foi o fato de a sindicância contra ela não ter recebido o mesmo tratamento que as investigações abertas contra colegas costumam ter: o sigilo. O TJ normalmente não publica o nome de juízes em investigação, mesmo em casos graves.

Normalmente, são publicadas apenas as iniciais. Um exemplo disso foi o caso que envolveu o juiz Marco Antônio Sanches, demitido após ser condenado por venda de sentença em Aquidauana. Até hoje ele recebe salário, por estar recorrendo da decisão nas instâncias superiores.

Apesar de não ter tido o nome preservado como costuma ocorrer, a juíza diz que não pretende adotar providências contra a Corregedoria do Tribunal. Segundo ela, ao contrário disso, vai tornar público o andamento da investigação contra ela, para mostrar que a acusação não procede.

Luciane Buriasco tem 34 anos e é juíza há 9. Assumiu em Amambai, atuou também em Bonito e há 4 está em Chapadão do Sul. Ela diz que, neste período, só soube da reclamação de uma funcionária, a quem chamou a atenção por um problema no trabalho.

Ela acredita que apenas essa reclamação, subscrita por outros funcionários, possa ter ido parar na Corregedoria do TJ. “Desconheço reclamações de advogados, com quem tenho uma boa convivência”.

Na reportagem feita ontem sobre o assunto, foram feitos comentários de advogados defendendo a magistrada. A entrevista por telefone revelou uma pessoa bastante cortez. A juíza fez contato com a redação por e-mail e ligou de seu celular para conversar com a reportagem.

Atuação- Indagada se as sentenças que deu envolvendo políticos poderiam ter motivado algum tipo de perseguição, ela diz que pode até ser, mas não fecha questão.

Jovem, bonita e responsável por decisões que podem mudar a vida das pessoas, a magistrada evita falar sobre estar sendo vítima de inveja. “Realmente não sei de onde veio o tiro”.

Ela fez uma correção em relação à reportagem publicada ontem pelo Campo Grande News informando que não foi dela a decisão que tirou do cargo o presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Eduardo Belloti, no ano passado. “Essa decisão não foi proferida por mim”.

Quanto à decisão que tirou os direitos políticos do prefeito Jocelito Krug, a magistrada diz que foi a responsável, e que a sentença ainda está valendo. O recurso não foi julgado na segunda instância, o TJ.

No caso dos dois políticos, a magistrada diz acreditar que tem uma boa relação.

No passado, a magistrada teve problemas com o ex-governador Zeca do PT, por causa de decisões dadas em Bonito.

Sobre sua participação da vida social de Chapadão do Sul, a magistrada diz ter sido muito bem recebida na cidade e que faz questão de freqüentar os eventos sociais sempre que pode.

Ela disse que o programa de rádio que apresenta, chamado Cultura Ativa, foi uma iniciativa pessoal, mas que também serve de aproximação do Judiciário da sociedade. “Os temas são variados, mas acabamos respondendo muitas perguntas sobre Justiça, porque é inevitável.

E agora? Luciane Buriasco soube da sindicância pela imprensa e pelo Diário da Justiça. Ela disse que vai aguardar ser comunicada oficialmente para conhecer os motivos alegados e poder fazer sua defesa.

A portaria que abriu a sindicância, publicada ontem no Diário Oficial da Justiça, foi um dos últimos atos do desembargador Josué de Oliveira, que deixou a função para assumir a presidência do TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

    
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