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Saúde
07/02/2011 - 06:32
Prevenção é ainda a melhor arma contra o diabetes
Opinião e Notícia
Caracterizada pelo acúmulo de glicose no sangue, o diabetes é hoje uma doença que já atingiu o status de epidemia. Segundo estimativas da Federação Internacional de Diabetes, 285 milhões de pessoas em todo o mundo são diabéticas. Dentro de 20 anos, esse número deve aumentar para 438 milhões, já que mais de 7 milhões de novos casos da doença surgem a cada ano.

No Brasil, a tendência de avanço é a mesma, e embora não haja cura para o diabetes, o controle da doença, quando bem feito, permite que o diabético leve uma vida praticamente normal. A favor dos pacientes está a atualização constante dos tratamentos disponíveis, garante o endocrinologista Saulo Cavalcanti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes e do Departamento de Diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Segundo o médico, a introdução das gliptinas na terapêutica do diabetes tipo 2, há cerca de três anos, foi muito benéfica, contribuindo até para a redução dos riscos do paciente desenvolver hipoglicemia (baixo nível de glicose no sangue). Essa possibilidade existe porque as drogas que ajudam a controlar a quantidade de açúcar na corrente sanguínea do diabético atuam continuamente, mesmo quando não é necessário.

As gliptinas são uma classe de medicamentos orais que inibem a ação da enzima DPP-4, que destrói o hormônio incretina. Produzida pelo intestino, a incretina potencializa a produção de insulina pelo pâncreas. Dessa forma, as gliptinas melhoram a síntese e a liberação de insulina e ainda reduzem a produção de glicose pelo fígado.

Para os pacientes com diabetes do tipo 1, as insulinas de ação prolongada foram um ganho significativo. Surgidas há aproximadamente oito anos, elas são feitas através de técnicas de recombinação genética e podem diminuir a quantidade de aplicações diárias do hormônio. “Além disso, os aparelhos medidores de glicose ficaram mais modernos e as agulhas, mais finas, o que reduz a dor na hora da aplicação”, explica Cavalcanti.

Inovações são bem-vindas, mas é preciso cautela

Os médicos agora esperam o lançamento comercial de um medicamento que promete ajudar os diabéticos a excretarem glicose pela urina, facilitando a eliminação do excesso de açúcar da corrente sanguínea. Segundo Saulo Cavalcanti, a droga se mostrou eficaz em testes e deve estar disponível dentro de um ano. No entanto, é preciso ter cautela com essas novidades.

“Quando surge uma nova droga, é como se aparecesse uma nova luz no fim do túnel para o diabético. Mas é preciso ter calma, porque os medicamentos se revelam mais ou menos vantajosos aos poucos, à medida que vão sendo usados pelos próprios pacientes”, destaca o endocrinologista.

Já o transplante de células-beta (células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina) e as pesquisas com células-tronco, que ajudariam muito os diabéticos do tipo 1, ainda representam apenas uma esperança. Para Cavalcanti, iniciativas e estudos têm de ser estimulados; no entanto, não podem ser considerados como uma real opção neste momento.

O que já está sendo realizado, mas somente em casos especiais aprovados por comitês de ética e em caráter experimental, é a cirurgia metabólica. No procedimento, é feita a transposição de uma parte do intestino delgado chamada íleo, o que proporciona o aumento da produção das incretinas — substâncias reduzidas no organismo dos diabéticos — e, consequentemente, de insulina.

Evite o diabetes

Como não há cura para o diabetes, pelo menos por enquanto, a prevenção ainda é o melhor remédio, sobretudo porque o tipo 2 (quando o organismo apresenta resistência à insulina, o que impede as células de metabolizarem quantidades suficientes de glicose) é o mais comum e representa 90-92% dos casos.

Enquanto o tipo 2 pode e deve ser prevenido, o diabetes tipo 1 (doença auto-imune caracterizada pela destruição das células-beta) é desencadeado por fatores genéticos — não há prevenção, portanto — e atinge de 8% a 10% dos pacientes.

Segundo Saulo Cavalcanti, a melhor forma de prevenir o diabetes tipo 2 é seguir uma educação alimentar e esportiva, já que a doença tem origem, muitas vezes, na obesidade. O endocrinologista salienta que, hoje, é preocupante que 52% dos brasileiros estejam com excesso de peso.

Além disso, aqueles que pertencem ao grupo de risco — pessoas com hipertensão, colesterol alto, triglicérides elevado, obesidade ou algum caso de diabetes na família — devem fazer o teste de medição de glicemia frequentemente. “Cerca de 40% a 50% dos diabéticos do tipo 2 não sabem que tem a doença, que pode ficar até dez anos sem manifestar sintomas”, afirma Cavalcanti. “Por isso é tão importante ter o controle dos níveis de açúcar no sangue, porque, às vezes, o diabetes é descoberto em um estágio já muito avançado, o que contribui para o desenvolvimento de complicações como perda da visão, disfunção erétil e infarto.”

De acordo com um ranking divulgado pela Federação Internacional de Diabetes em 2004, o Brasil ocupava a oitava posição entre os países com maior número de pacientes diabéticos. Em 1988, o Censo Nacional de Diabetes revelou que 7,6% da população urbana entre 30 e 69 anos sofria da doença.

    
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