As novas regras para a segunda fase do programa Minha Casa, Minha Vida beneficiam as famílias de baixa renda, mas deixam muitos beneficiários de fora e precisariam ser revistas, na avaliação do presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo), João Crestana.
Depois da aprovação, feita nesta semana pelo Senado, a medida provisória que estabelece as regras só precisará passar por sanção presidencial para começar a valer. Dentre as mudanças aprovadas, estão aquelas que se referem ao valor da renda dos beneficiários que queiram participar do programa, que agora está desvinculada do valor do salário mínimo.
No projeto original, enviado pelo Executivo, as famílias beneficiadas deveriam ter uma renda de até dez salários mínimos – o que nos valores atuais equivaleria a R$ 5.450. Contudo, na Câmara dos Deputados, o projeto foi alterado e a Casa estabeleceu um limite que fica em R$ 4.650. Segundo o relator da medida provisória na Casa, deputado André Vargas (PT-PR), a ideia é beneficiar as famílias de menor renda.
Para Crestana, a intenção é válida. “Essa foi uma forma de atender às famílias de baixa renda, mas exclui muitas famílias que poderiam participar do programa”, afirma. “É preciso reavaliar esse ponto”, acredita. Apesar da crítica pontual, Crestana vê com bons olhos a inversão das prioridades. “Na primeira fase do programa, apenas 40% das unidades eram dirigidas às famílias com renda de zero a três salários mínimos e 60% àquelas com renda entre três e seis. Agora, a situação se inverteu”, afirma.
Elogios Até 2014, o Governo pretende construir e reformar 2 milhões de unidades habitacionais. E não foram estabelecidas metas anuais, como na primeira fase do programa. Para Crestana, esse ponto é positivo. “Acho interessante isso, pois até permite que mais unidades possam ser entregues”, afirma, na expectativa de que até 2014 a meta seja ultrapassada.
Para Crestana, a possibilidade de se construir mais unidades do que se prevê também se deve ao fato de que, a partir de agora, os processos serão mais rápidos. “Na primeira fase, a Caixa foi se acostumando com os processos. Agora, é época de agilizar o fechamento de contratos".
De acordo com o último balanço da Caixa Econômica, neste primeiro trimestre, foram assinados 226.381 contratos de financiamento imobiliário. Quanto ao programa Minha Casa, Minha Vida, já foram realizados aproximadamente R$ 4,6 bilhões em financiamentos, propiciando a construção de 64.422 unidades, concentradas na faixa de renda de até seis salários mínimos.
Pelas novas regras, as mulheres chefes de família não precisarão mais da assinatura do cônjuge no contrato de financiamento. Para serem contempladas, a renda da família dessas mulheres não pode ultrapassar R$ 1.395. Outra prioridade do programa é atender às famílias residentes em áreas de risco. “Nesse caso, abre-se a porta para que as mulheres chefes de família tenham mais autonomia”, afirma.
Investimentos Para implementar a nova etapa do programa, devem ser destinados cerca de R$ 16,5 bilhões por meio do FAR (Fundo de Arrendamento Residencial). Antes, o valor era de R$ 14 bilhões. Além disso, a MP permite que a União transfira recursos no valor de R$ 500 milhões para o FDS (Fundo de Desenvolvimento Social).
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