O PR pode perder o Ministério dos Transportes, pois os caciques do partido concluíram que não têm nomes alternativos ao do senador Blairo Maggi (MT). Hoje ele dirá oficialmente à presidente Dilma Rousseff que não aceita a vaga por impedimentos éticos e legais. O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), já admitia ontem a perda dos Transportes. "Se a presidente entregar o ministério para outro partido, é ela quem decide. O PR vai respeitar." O partido diz que desiste da vaga, mas não aceita a efetivação do ministro interino, Paulo Sérgio Passos, que era o número dois do ex-ministro Alfredo Nascimento. Blairo nega que seu afilhado Luiz Antônio Pagot, afastado da chefia do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) por suspeita de irregularidades, vá atacar o governo ao depor amanhã no Congresso. Empresas de navegação do senador, um dos maiores produtores de soja do país, têm contratos com o FMM (Fundo da Marinha Mercante) e dependem de normas da Antac (Agência Nacional de Transportes Aquaviários). Ele disse ontem à Folha que não vai sugerir nomes para a presidente, alegando que indicou Pagot e não deu certo. Ele caiu por suspeitas de superfaturamento das obras, assim como todo o comando do PR na pasta. "Se você indica um nome e dá problema, o problema é seu. Não quero mais saber dessa história", disse. Dois dos 7 senadores e 14 dos 40 deputados do PR têm problemas com a Justiça. Blairo foi convidado por Dilma na semana passada e disse que não aceitaria. Como o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) insistiu, ele se reuniu com sócios na sexta-feira e concluiu: "Tivemos certeza de que há impedimento, se não legal, ao menos ético".
PROMESSA O senador diz que Pagot não usará seus depoimentos à Câmara e ao Senado para atingir o ministro Paulo Bernardo (Comunicações), que foi titular do Planejamento e liberava as verbas para as obras de transportes. "Ele [Pagot] não vai lá [no Congresso] para fazer confusão, só para explicar como são decididas as obras. A decisão não é do Dnit, é do ministério. É política", disse. "Não tinha nada demais. O que se chama de superfaturamento é só mudança do escopo da obra", acrescentou. "Depois do projeto da estrada pronto, precisa um viaduto, uma passagem urbana... e aí o preço vai mudando." O líder do PR no Senado, Magno Malta (ES), usou uma metáfora parecida. "Quando você vai comprar um carro e decide botar banco de couro, direção hidráulica, vidro elétrico, o preço vai mudando." |