A Operação Noturnos, realizada nesta sexta-feira (30) pela Polícia Federal com uma prisão em Campo Grande (MS), desmontou um esquema de tráfico internacional de drogas realizado a pé. Segundo as investigações, os traficantes caminhavam até 80 km à noite levando pasta-base de cocaína de San Mathias, na Bolívia, até Cáceres, localizada a 225 quilômetros de Cuiabá (MT).
A maioria dos "traficantes pedestres" é da própria cidade mato-grossense onde a quadrilha era coordenada. De acordo com a Polícia Federal, o esquema é investigado nos últimos 14 meses. Foram expedidos 40 mandados de prisão pelo juiz Raphael Caselli, da Justiça Federal, e cumpridos 25 até o momento. Foram apreendidos também quatro automóveis.
Uma das prisões aconteceu no bairro Carandá Bosque, região de classe média-alta de Campo Grande. A operação envolveu ainda prisões nos estados de Mato Grosso, São Paulo, Espírito Santo e Maranhão.
Em Mato Grosso do Sul, assim como nos outros estados além de MT, a Polícia Federal acredita que o representante da quadrilha atuava no tráfico local e prestando apoio a outros grupos criminosos. Mulas pedestres e noturnas Segundo o delegado Josean Severo, que conduz o inquérito, somente durante o período de investigações foram apreendidos 390 Kg de pasta-base de cocaína. O grupo chegaria a transportar 50 quilos de entorpecentes por mês, de acordo com a PF.
A maioria dessas “mulas” é de moradores de Cáceres. Ele confirmou que os traficantes percorriam a fronteira seca do MT com a Bolívia e seguiam até Cáceres. No trajeto feito a pé e sempre no período noturno, recebiam apoio com água e mantimentos de outros integrantes da célula desarticulada. O nome da operação é uma referência à tática dos narcotraficantes.
Os traficantes levavam entre dez e 15 dias para fazer o trajeto. Quando cehgava à cidade mato-grossense, a droga era distribuída para outros pontos do país, como Campo Grande, seguindo de ônibus ou automóveis particulares.
Foi pedida a quebra do sigilo bancário e fiscal dos detidos para ajudar nas investigações sobre o volume movimentado pela quadrilha e outros possíveis envolvidos.
De acordo com a Polícia Federal, um dos presos já foi indiciado nas operações Fronteira Branca e Sapiquá. Cadeirante, o homem cumpre pena em regime domiciliar e teria morado na Bolívia durante 20 anos, depois de assassinar um policial federal em Cáceres.
Por enquanto, os investigados devem ser indiciados por tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico, previstos nos artigos 33 e 35 da Lei n° 11.343/2006, com penas que podem chegar a 15 anos de reclusão. Midiamax |